Maioria dos torcedores pouco se lixa para fim de semana sem jogos. Infectologista considera loucura futebol em meio à pandemia. Às pressas, FPF programa Mirassol x Corinthians para Volta Redonda

A bola do mequetrefe Paulistinha murchou no fim de semana e a grande maioria dos torcedores não sentiu um pingo de saudade. Só mesmo os negacionistas de plantão reclamaram da paralisação, ignorando o caos na saúde, as 300 mil mortes, os 12 milhões de infectados pela Covid-16. 




Entre eles, boa parte da mídia caolha, que abriu o microfone e/ou as redes sociais para o chefão da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, defender o indefensável, a sequência do campeonato. O cartola, aliás, testou positivo em novembro de 2020 – assintomático, ficou isolado em sua casa, com acompanhamento médico. 

Em uma das entrevistas, o cartola esbravejou: “Nós temos hoje pessoas que vivem de manchetes e não vêm o conteúdo. Quero saber qual atividade está tomando tantos cuidados como o futebol?”. Um comportamento muito semelhante ao do genocida que habita o Planalto. 

Ou seja, aposta nos protocolos e ignora a ciência, o Centro de Contingência do Coronavírus, formado por brilhantes profissionais, como a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, que defende a suspensão do ludopédio num momento em que os números de casos, internações e mortes crescem assustadoramente. 

Para ela, o surto na Ponte Preta , com 16 pessoas infectadas em sete dias, mostra que há falhas nos protocolos. “Não se pode deslocar uma equipe com 40 pessoas de uma cidade para outra, às vezes de um estado para outro, neste momento de pandemia, onde se tem alta taxa de transmissão e colapso no sistema de saúde. Nada justifica o futebol agora”, disse Rachel Stucchi ao ge.com. No início do mês, o Corinthians foi atingido por um surto que afastou 16 jogadores.

O vírus atacou a Ponte após três jogos fora de casa – Corinthians (São Paulo), Gama (Luziânia) e Botafogo (Ribeirão Preto). “Nenhuma atividade que possa fomentar aglomeração deve funcionar”, sentencia a infectologista. 

Apesar da advertência de Rachel Stucchi, a bola entrará em campo nesta terça. Depois de comunicar que o campeonato só retornaria em 31 de março, a nobre e desprezível FPF informou que Mirassol e Corinthians, pela quinta rodada, será realizado no Estádio Raulino de Oliveira, às 21h, em Volta Redonda, a 300km do Itaquerão e 740km de Mirassol.

Uma jogada de mestre: a pandemia, ao que tudo indica, desapareceu do Rio após deixar mais de 35 mil pessoas mortas. A abençoada Volta Redonda (508 vítimas) também deve acolher São Bento x Palmeiras, na quarta. De acordo com a Secretária de Esportes de Volta Redonda, Rose Vilela, não há motivos de preocupação: ainda há leitos disponíveis nos dois hospitais da cida de. 

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Gato mestre. Capitão Corona no poder, 300 mil mortos, 12 milhões de infectados, caos na saúde, miséria, desemprego, violência, corrupção: Deus é brasileiro?

Orgasmo palmeirense. O gajo Abel Ferreira também está dando nó tático nas entrevistas. Sempre sai do lugar comum, da mesmice que acompanha os ‘professores’ brasileiros. A última cartada: os palmeirenses fracassaram no Mundial porque “atingiram o orgasmo” na conquista da Libertadores e não houve tempo para recuperação física. “No momento do clímax entre um homem e uma mulher, há um pico emocional. E, depois, precisamos de um determinado tempo para restabelecer esse pico e continuar a competir”, disse Abel à ESPN Brasil. Ele se arrepende de não ter pedido para o time jogar o que sabia, sem preocupação do que poderia acontecer. “Eu continuei a pôr pressão, exigir a vitória. Deveria ter mudado o discurso, mandar que aproveitassem a viagem após uma temporada desgastante.” Ninguém é de ferro.

Darth Vader. Auxílio emergencial, uma prancha de algodão em alto mar.

Clássico da incompetência. Vasco e Botafogo mostraram no 1 a 1 do Clássico da Amizade por que desabaram para a Série B do Brasileiro. São Januário recepcionou um dos embates mais sem sal da história envolvendo vascaínos e botafoguenses. Nenhum grande ídolo em campo. Futebol paupérrimo. Um encontro para ser rifado do enredo de quase 100 anos de fantásticos duelos – o centenário será em abril de 2023. Até hoje foram realizados 348 jogos, com 149 triunfos do Vasco e 95 do Botafogo. Aconteceram 104 empates. Ambas as equipes já decidiram sete vezes o Carioquinha, com cinco festas do Glorioso. Que tristeza!

Rosamundo, o pensador. Viva hoje, pois ontem já se foi e amanhã talvez não venha.

É teeeetraaaa! O Corinthians comemora: pelo quarto ano consecutivo fechou as contas chamando tucano de pica-pau. Ano passado, colecionou um déficit de R$ 123 milhões. Em 2019 o cheque especial girou em torno de R$ 195,4 milhões, recorde na história do clube; em 2017 foi de R$ 35,1 milhões; em 2018 atingiu R$ 18,7 milhões. O último saldo positivo foi de R$ 31 milhões em 2016, graças à venda de jogadores campeões brasileiros na temporada anterior. Em 2021, a cartolagem espera um superávit de R$ 1,1 milhão, mas pouco s acreditam diante da terrível situação do país. A dívida do Corinthians já superou R$ 900 milhões, sem contar o tijolinho do estádio.

Tá na rede. Corinthians: quem planta limão não colhe melancia.

Vaca leiteira. Não está sendo fácil a vida do rei da cartolagem, o suíço-italiano Gianni Infantino, como funcionário da mamãe Fifa. Por causa da pandemia do coronavírus, ele recebeu apenas US$ 1 milhão de bônus em 2020, elevando seus ganhos para US$ 3 milhões (R$ 16,5 milhões), fora um guarda-chuva de mordomias. A Covid-19 brecou o crescimento financeiro da nobre casa do ludopédio e aumentou seus gastos, mas nada preocupante. Ao final da Copa de 2022, no Catar, dificilmente deixará de atingir a meta programada após o Mundial de 2018, na Rússia: US$ 6,4 bilhões (R$ 35 bi), apesar de ter ajudado as confederações com US$ 270 milhões (R$ 1,5 bi) e perdido quase toda a receita de TV (ano passado, arrecadou US$ 342 milhões/R$ 1,8 bi). Hoje as reservas da mamãe Fifa giram em torno de US$ 705 milhões (R$ 3,8 bi).

Linha direta. Ministro Marcelo Queiroga, apenas mais um vassalo do ‘imbrochável’ Capitão Corona.

Meta dinamitada. O avanço da pandemia no país detonou parte do planejamento do Flamengo para a temporada deste ano. O Urubu acreditava que a torcida voltaria aos estádios em abril e, assim, iria proporcionar R$ 100 milhões de bilheteria. Sem dinheiro, o Urubu desistiu da contratação do lateral Rafinha. O atleta, porém, atribuiu a decisão a uma guerra política entre Marcos Braz, vice de futebol, favorável ao retorno, e Luiz Eduardo Baptisa, o Bap, vice de relações exteriores, desafeto do atleta. “Paguei o pato”, diz Rafinha. Quén, quén…

Tiro livre. Vem aí decreto do prefeito Eduardo Paes que proibirá dois pesos e duas medidas na premiação a homens e mulheres em competições na Cidade Maravilhosa das balas voadoras.

Troféu Talkey. Torcedores e conselheiros reprovaram a decisão do soberano São Paulo de apoiar a FPF na luta pela continuidade do mequetrefe Paulistinha em meio à pandemia de coronavírus. O Tricolor foi o único grande a defender que a Federação recorresse à Justiça contra a proibição de jogos pelo governo paulista. As críticas ao clube foram de falta de sensibilidade com o colapso na saúde ao negacionismo pregado por Capitão Corona e sua turba.

O povo quer saber. O Capitão Corona comemorou 66 anos brincando com soldadinhos de chumbo?

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