Compartilhado de Jornal GGN –
“O Itamaraty empurra o Brasil, cada dia mais, em direção a empreitadas que têm sido objeto de chacota internacional”
Jornal GGN – Os Estados Unidos lideram a formação de uma aliança mundial contra os direitos reprodutivos das mulheres e o Brasil, sob Jair Bolsonaro, entrou na onda e assinará a Declaração do Consenso de Genebra, discutida nesta quinta (22), em Washington.
Segundo artigo da Folha de S. Paulo, “a declaração propõe, supostamente, a defesa da família —considerando apenas o modelo homem-mulher; a proteção da vida em todas as suas fases; o direito à saúde das mulheres—, descartando o acesso ao aborto legal e seguro; a soberania nacional; e a garantia de que esses valores sejam compartilhados dentro do sistema das Nações Unidas.”
O acordo não possui força de tratado internacional, mas a adesão do Brasil indica que a nova direção da “política externa brasileira em matéria de gênero e pode intensificar a atuação do país na quebra de consensos internacionais já existentes sobre o tema.”
Para as autoras, o aborto seguro e legal no Brasil está sendo atacado por Bolsonaro também na política externa. Na contramão do mundo, diga-se de passagem, porque a aliança conservadora pretendida pelos EUA não seduziu a maioria dos países. Apenas Brasil aparece como coautor do Acordo, apoiado por poucos países conhecidos mundialmente por violações aos direitos humanos: Hungria, Indonésia, Egito e Uganda.
“A adesão do Brasil a essa iniciativa apenas reafirma que a cruzada antigênero e de repúdio aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres é prioritária na atual política externa brasileira”, diz o artigo.
“O Itamaraty empurra o Brasil, cada dia mais, em direção a empreitadas que têm sido objeto de chacota internacional”, acrescenta.
O artigo é assinado por Camila Asano (Conectas Direitos Humanos), Sonia Corrêa (Observatório de Sexualidade e Política) e Gillian Kane (ONG Ipas).