Sobre a morte de um fardado

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Por Walter Falceta, jornalista

Não sei quase nada sobre o fardado Cabo Rogério de Moraes Santos.




Só sei que era bombeiro, vivia no Guarujá, tinha 43 anos, e que deixou esposa e três filhos.

Também sei que morreu no Morro do Macaco Molhado, tentando salvar uma mãe e seu bebê, durante a tragédia climática que ceifou dezenas de vidas na Baixada Santista.

Não sei das preferências políticas, religiosas, clubísticas e estéticas do cabo. Mas sei que se trata de um fardado que honrou seu ofício.

Fardados servem para isso. Para exibir destemor e coragem onde nos falta, para enfrentar o perigo e desafiar a sorte, sempre buscando proteger os cidadãos.

Rogério é, sim, um herói. Com seu salarinho mirrado, sustentava a família e entregou a vida na tentativa de salvar vidas.

É muito diferente de vagabundos criminosos como o miliciano do Planalto, que usou a farda para entupir latrinas, roubar material do quartel e, como terrorista, desenhar estratégias para dinamitar uma adutora de água.

Já quarentão, Rogério estava trabalhando. Aos 33 anos, o larápio preguiçoso do Exército estava aposentado. Desde essa época embolsa por mês o equivalente a R$ 10,5 mil.

O problema não é a farda. É o uso que se faz dela.

Vale um exemplo. Enquanto Villas Bôas e Heleno a utilizam para promover golpes políticos e afrontar os outros poderes da República, o aviador Fortunato e o brigadeiro Rui Moreira Lima a vestiram em duro combate para salvar a humanidade do nazismo.

Essa é a diferença. Essa é a reflexão necessária. Obrigado, cabo Rogério!

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