Sobre a Olimpíada, preconceitos

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José Alves pelo Facebook – 

Enquanto assisto à bela abertura da olimpíada no Rio de Janeiro e ao desfile da enorme quantidade de atletas, de mais de duzentas delegações, penso no quanto é um inegável privilégio sediar um evento histórico e de congraçamento entre as diversas nações, ainda mais com esta magnitude.




A exemplo do que ocorreu na Copa do Mundo, os irmãos sul-americanos parecem mais orgulhosos do que nós por termos a olimpíada em nosso continente. Pobres e com menos projeções que o Brasil, dificilmente outros países a sediariam por aqui. É a primeira vez que a América do Sul sedia o evento e apenas a segunda vez na América Latina entre as 31 olimpíadas até agora. Por aí se vê como fomos excluídos ao longo da história da humanidade.

No entanto, a nossa falta de educação histórica e cultural parece estar jogando no lixo esta oportunidade única.

Nosso presidente em exercício, por exemplo, por medo das vaias, pediu para não ser anunciado. Tido no mundo todo como ilegítimo e golpista, Temer sequer terá fotos com grandes autoridades – os poucos governantes que vieram para cá evitam ser fotografados ao lado dele para não serem mal vistos em seus países de origem. O interino aparece o tempo todo sentado numa poltrona, se abaixando, como se estivesse escondendo-se. Age como um penetra na festa. Parece constrangido. E é o nosso maior representante nela. Deu vergonha.

Por outro lado, nossas esquerdas “politizadas” menosprezam o evento, acusando-o de ter um gasto excessivo, enquanto o País supostamente teria outras prioridades. Parecem aquelas pessoas que criticam os pobres porque fazem festas de aniversários ou churrascos, enquanto deveriam economizar para algo que supostamente teria maior valor.

Outro fator é o da corrupção nos gastos do evento. Oras, dizer que não é para ter Olimpíada por conta da corrupção é tão inteligente quanto dizer que não é para construir hospitais, comprar merendas ou novas ambulâncias porque também há corrupção nessas medidas. Não é um argumento inteligente.

Também se afirma que apenas grandes grupos econômicos lucram com o evento. Mas se fosse de outra área que não a de esportes, será que grandes grupos também não lucrariam? Ou grandes eventos em outras áreas não custam dinheiro?

Dizem também que há determinadas populações carentes que sofreram com sua preparação (remoções de famílias, por exemplo). Oras, remoções ocorrem, infelizmente, todos os dias. Por que só na olimpíada há esta queixa em um grau maior?

Fico pensando se a ojeriza ao evento seria a mesma caso fosse algo ligado à área cultural ou à acadêmica. Provavelmente não haveria queixas, salvo de reacionários da direita.

Assim, sendo, parece que essas esquerdas ainda atribuem valor menor aos esportes, às festas de congraçamento da humanidade ou à necessária projeção internacional de qualquer nação.

Por aí, nota-se um claro provincianismo e um grande preconceito contra o lazer, a cultura e os esportes – ainda que de elite – como parte integrante de qualquer povo.

Por fim, certamente o povo do Rio teve e terá problemas por conta do evento. Curiosamente, tenho problemas parecidos quando junto amigos aqui em casa para alguma confraternização: achar vagas para todo o mundo, limpar o apê, criar mais espaços na casa, avisar vizinhos, gastar dinheiro etc. Quem dá festas sabe disso. E, mesmo em tempos ruins, ainda bem que mantemos as comemorações. Ou alguém tem algo contra elas? Poucas coisas conseguem ser mais bonitas e importantes do que receber pessoas queridas para um evento em nossa casa.

E, venhamos e convenhamos, o Rio não faliu por conta da olimpíada. Faliu porque tem o PMDB carioca no comando há anos. O mesmo que o grupo de empresários, a grande mídia e a população pró-impeachment colocou na presidência da república “para combater a corrupção e equilibrar as contas públicas”. Uma estupidez sem tamanho.

Fôssemos um país mais educado, compreenderíamos a importância histórica do que nosso país está vivenciando nesses dias.

Mas, não somos, infelizmente.

Nosso preconceito, visão estreita, provincincianismo, interesses políticos locais e a síndrome de vira-latice não permitiram.

E sigamos com o nosso atraso.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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