Por Luis Nassif, para Jornal GGN –
José Antonio Dias Toffoli foi entrevistado pela revista Veja. Recebeu tratamento VIP, com inúmeras bolas levantadas para que pudesse cortar. A gentileza das perguntas, a doce cumplicidade da entrevista só encontra paralelo no tratamento conferido pela entrevistadora ao seu colega Gilmar Mendes.
Foi muito elucidativa a explicação que deu para a mudança da forma como é chamado: de Toffoli, para Dias Toffoli. Invocou as raízes católicas da família e o significado simbólico das pessoas quando se tornam padres: mudam de nome para anunciar a nova vida. Foi uma aula de antropologia.
Dois pontos chamaram a atenção.
O primeiro, a retórica de Toffoli ao se referir aos jornalistas que o acusaram de planejar um golpe paraguaio, ao entregar a relatoria das contas de Dilma Rousseff a Gilmar Mendes.
Com o olhar atilado de sempre, com a fala fácil e a retórica brilhante de quem fala e concatena ideias sem aparentar esforço ;), Toffoli acusou seus críticos de “burros, néscios, ignorantes”. Poderia ter completado com “bobos”, “sujos”, “feios” e “malvados”, mas se ateve apenas aos termos à altura de sua erudição
Saiu-se melhor ao analisar o papel das corporações privadas na captura do Estado. Aliás, surpreendente melhor, para quem acompanha sua dificuldade em expor ideias.
A entrevista tornou-se de um non sense atroz na hora de se analisar a questão do financiamento eleitoral de empresas – e, por justiça, não por culpa de Toffoli.
O Brasil se tornou a pátria da retórica vazia.
A diversão pública número 1 consiste em levantar um sofisma qualquer, erigi-lo à condição de princípio e aguardar sua repetição indefinida até ganhar foro de verdade.
Assistindo o agradável interlúdio da entrevistadora de Veja com o Ministro José Antônio Dias Toffoli, ela insiste nesse aspecto. “Se proibir o financiamento oficial, as empresas financiarão pelo caixa 2”.
Ora, caixa 2 é crime.
Quem comete crime é criminoso. Empresas sérias não se tornarão criminosas pela proibição de contribuir legalmente; assim como empresas criminosas continuarão contribuindo pelo caixa 2 mesmo que possam contribuir legalmente.
Aliás, para as empresas criminosas, poder pagar propina pelo Caixa 1 é o céu na terra.
Nada lhe foi perguntado sobre as manobras para absolver Paulo Maluf.