Sobre intolerância

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Por Carlos Eduardo Alves –

Surfando na discussão da coluna de Gregório Duvivier hoje, diria que não está fácil escrever. Já foi. Só cito o texto do cara como gancho. Não entro no mérito, mas me parece atribuir importância demais a um texto pessoal e no qual não vejo nenhum crime contra a Humanidade, como cheguei a ler. Mas que tá foda escrever, está.

A intolerância da direita já conhecemos. É fundamentalmente ignorante. De História, de fatos, de modos. Mas a esquerda está fazendo uma força….




Aqui, numa pagina pessoal e desimportante, vejo isso. Imagino para quem tem tribuna relevante como está difícil escrever sem encheção de saco. Vou contar só uma historinha. Há um mês mais ou menos, dei um pitaco sobre dois temas que, sem hipócrita falsa modéstia, conheço bem: futebol e futebol feminino (não são iguais). Maldita hora.

Recebi, pelo messenger, uma “ordem” para “tomar cuidado” com o que escrevia. Uma feminista de almanaque questionava o texto. Daquele jeito. Sem bater na porta. Maldita hora novamente, dei atenção, fui educado e fiz algumas perguntas técnicas para ver se ele tinha uma ideia básica ao menos sobre os dois temas. Nada. Eram só certezas primárias. Resumindo, a pessoa se sentiu no direito de me mandar mensagens até as 2h30 da madrugada, apesar de meus pedidos sobre a necessidade de dormir (por razões familiares, deixo o celular perto e não retiro o som). Como vi que o pagode era forte e não seria interrompido, desisti de dormir. Entrei no face e exclui a mala beligerante da lista de contatos. Aí começaram as ofensas. Bloqueio resolveu.

Existe todo tipo de gente em rede social. A maioria, sem dúvida, civilizada. Mas tem também gente sem a menor tolerância e desconfiança. Ás vezes, canso e sumo. Só perco dinheiro aqui e não estou a fim de ser patrulhado em página pessoal.

A intolerância não cessa. Desde que falei o óbvio há uns dois meses, que Erundina não teria a menor possibilidade de chegar ao segundo turno, o inferno sentou praça. Recebi umas 200 mensagens com um texto que delirava e sugeria a possibilidade da velha guerreira ser a “Obama da vez”. Junto, a má vontade de quem confunde sonho com análise.

Nas últimas semanas, uma seita de pessoas boas também mostra os dedos da mão esquerda da intolerância. É o pessoal que acredita em Papai Noel e não aceita que se diga que o governo Dilma não voltará. Acham que o STF (risos) pode barrar o golpe, que e Diretas é legitimar o golpe, etc. Não adianta argumentar com a realidade. São como aqueles pastores da Praça da Sé, que gritam o dia inteiro para ninguém. Enxergar a realidade e partir para outras etapas de luta, e não ficar apenas chorando, é jogar você na “direita”, no balaio dos que “legitimam o golpe”.

Essa encheção é microscópica, tenho certeza, perto de quem tem canhões mil vezes mais poderosos para expor ideias. Mas a intolerância e o fanatismo são os mesmos. Está quase impossível escrever. Acabei cedendo e meço as palavras mesmo em textos informais, como são normais em rede social. Em alguns temas, para não dar margem à brigada, por exemplo, se é obrigado a escrever “a parceira (o)” para que não chovam acusações de politicamente incorreto. É um saco. Quebra o texto e te obriga a pegar atalhos para não cruzar com o radicalismo rudimentar na esquina.

Enfim, é mesmo impossível escapar de patrulhas quando se escreve hoje. A novidade é que deixou de ser monopólio da direita burra

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