Compartilhado do Blog de Adriana do Amaral
Sei não…
Não sei.
Li muito sobre a tal “camisa” verde e amarela usada no show da popstar (como a artista era citada na minha juventude)…
#Madonna, como sempre, agradou a quase todes, inclusive esquerda e direita.
Fica a polêmica:
Por mais que a maioria tenha dito que a musa- sim ela continua sendo referência em muitos sentidos- tenha nos deixado como legado o resgate das cores verde e amarela, eu ouso discordar.
Teve até milionário, influenciador, presidenciável, afirmando que a cantora conseguiu unir o Brasil novamente.
Aquele que vende sonhos, mas não é o SS, e atua em outra seara global e neoliberal.
Vamos falar das cores verde da bandeira brasileira?
Do meu ponto de vista, verde e amarelo são cores da bandeira nacional, e não de um uniforme, que custa o olho da cara, aliás.
Acho muito bacana que todes possamos usar as cores que quisermos, mas falar que Madonna resgatou a cores oficiais do Brasil “é um pouco demais para mim…”
Fique claro: o verde e amarelo não são pantones da CBF. A camiseta da seleção brasileira, cá entre nós, ainda faz mais sentido, semioticamente falando, aos negacionistas.
“Madonna mia”
Madonna é uma artista, sabe fazer marketing como poucos, mas ao longo da sua história fez por merecer a personalidade que se tornou.
Ela sabe explorar a sua figura de forma impecável: é linda, poderosa, provoca o senso comum, mas a música é uma negócio para ela.
Sim, ela foi paga por um banco, o show teve patrocínio do Estado e, não duvido, renderá milhões de dólares. Quem sabem até um documentário das plataformas de streaming?
Eu até queria ter ido ao show mas, confesso, não fiz o menor esforço para fazê-lo.
Não assisti ao show pela TV, mas acompanhei a repercussão dele nas mídias digitais;
Nunca comprei um LP/CD da Madonna, mas ouvi muito as músicas dela “on the radio”, e ela tem o meu respeito, simpatia, sororidade.
Madonna nos ensinou a trangredir, a nos valorizar, e a nos unir.
Um intelectual brasileiro, que respeito demasiado, queride Marcelo Hailer, publicou no seu instagram:
“Em 1992, quando ninguém queria saber da gente, Madonna usou da sua imensa popularidade para lutar contra a LGBTFOBIA e outros ódios da sociedade. A maior, sempre”
Já vale a sua existência.
Mas Madonna foi além.
Madonna feminista
Ela ajudou a mulherada a se descobrir, a se divertir, a ousar, e continua fazendo isso em tempos de etarismo.
Tudo isso sem desvalorizar as contradições do feminismo: é mãe dentro do espectro da diversidade, com austeridade, pelo que dizem (mas aí, é fofoca, não posso afirmar);
Madonna dividiu o palco com uma das filhas;
Madonna acredita em Deus;
Sabemos que a trajetória da musa, ora platinada ora castanha, não foi fácil:
Haja pipoca!
Haja resiliência.
O grande espetáculo feito por Madonna, na minha opinião, foi o discurso feito por ela em 2016, ao ser homenageada como Mulher do Ano.
Dentre tantas brincadeiras e provocações, a artista falou sério. Contra todas as formas de opressão, sobretudo de gênero.
“eu parei de trancar as portas”
(devido às inúmeras agressões sofridas).
“Não há regras, se você é um homem”
(quando ela remeteu à angrogenia de David Bowie e as suas musas mulheres).
“Quando eu comecei não havia internet, então as pessoas tinham de falar na minha cara”
O discurso está na internet, vale a pena assistir, e assistir de novo, e de novo…
Sorry, Madona, eu aqui me intrometendo também…
É claro que teremos críticas, sempre, não é mesmo?
Por que não dar emprego para os músicos, e cantar ao vivo?
Mas os percussionistas estavam lá, para mexer com as cordas de energia de 1.5 milhões de pessoas que foram prestigiá-la e outros milhões que a viram no mundo todo pela web.
Não é para qualquer uma.
Parafraseando Drummond:
O mar é grande, mas suas areias não escondem a ideologia e a divisão das classes socias.