Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Resolvi esfriar a cabeça antes de me pronunciar sobre o preconceito contra os nordestinos vomitado por Bolsonaro. As palavras e atitudes contra os nordestinos por parte do hoje, infelizmente, presidente da República são reflexos de uma sociedade preconceituosa, metida a besta, racista.
Nasci em Pernambuco, mas fui criado em São Paulo a partir do meu primeiro ano de vida. Meu pai e minha mãe são nordestinos. Dos cinco filhos, somente eu nasci no Nordeste e herdei a cabeça um tanto avantajada.
Em São Paulo, todo nordestino é baiano. E este foi um apelido que ganhei.
Baiano em São Paulo e Paraíba no Rio são as expressões que o preconceito registrou.
Não bastasse o nordestino viver numa terra miserável, sendo explorados por uma elite escravagista, há ainda o preconceito.
Mas o povo do Nordeste tem orgulho, é leal à sua terra e não se esquece de quem lhe faz mal. Não se esquece, principalmente, de quem faz o bem. É grato, portanto, principalmente, a Luiz Inácio Lula da Silva. Este, vindo de lá, tendo passado fome, trabalhou pelo Nordeste e também por todo o povo brasileiro.
Gosto muito de uma frase do escritor e politico francês Alphonse de Lamartine (1790-1869), “sou da cor de todos aqueles que são perseguidos”. Nesta minha vida de São Paulo, poucos anos em Goiás quando criança, volta a São Paulo e depois Rio de Janeiro desde 2003, encontrei muita gente que põe na pratica a frase do francês. É com estes que eu conto.
Isso me conforta muito. E não serão os vômitos preconceituosos de Bolsonaro que me farão perder a confiança nas pessoas solidárias de todo o Brasil, mesmo tendo sofrido muito na infância com perseguição por ter nascido numa terra tão sofrida e tão valorosa. Quem quiser que fique com ele, Bolsonaro, com seu preconceito, com sua tacanhice. Eles é que perdem. Fico com Lamartine.