Por Fernando Frazão da EBC publicado em RBA –
Diretor do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), José Carlos Abissamra Filho aponta discursos dos governantes como legitimadores da violência de agentes de segurança
São Paulo – Ao todo dez militares, de um grupo de 12 que participaram de uma ação do Exército em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, que matou o músico Evaldo dos Santos Rosa, foram presos nessa segunda-feira (8) pelo Comando Militar do Leste (CML).
O músico teve o carro alvejado nesse domingo (7) por 80 tiros disparados pelos oficiais que, supostamente, teriam confundido o veículo com o de criminosos. O caso, que ganhou repercussão pela brutalidade, soma-se a denúncias similares de diversos moradores das periferias fluminenses. Dois dias antes do assassinato de Rosa, o jovem Christian Felipe Santana de Almeida Alves, de 19 anos, já havia sido morto com um tiro nas costas pela blitz do Exército.
Na prática, de acordo com o diretor do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), José Carlos Abissamra Filho, a letalidade das forças policiais revela o tamanho do “equívoco” sobre como vem sendo entendida a segurança pública do país, cujos responsáveis são chefes de governo como Jair Bolsonaro, Wilson Witzel e João Dória que, com seus discursos, legitimam o que o especialista considera como “política do abate e extermínio”.
“É claro que vai ter mortes e mais mortes, porque a pessoa está lá com uma arma, acha que viu um bandido e o presidente está dizendo alguma no sentido de ‘vamos exterminar’, então ele atira”, diz. “Os soldados (que mataram Evaldo) estão presos porque não é o governador – que fala que pode matar –, que vai ficar no banco dos réus depois”, contesta, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabãnas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.
De acordo com Abissamra Filho, falta preparo e não é função do Exército estar nas ruas, quando o que se precisa é investimentos diretamente nas corporações policiais. “Tá faltando no Brasil menos Twitter e debate popularesco e um pouco mais de seriedade com os cidadãos e policiais”, avalia.