Israel admite ataque; número de feridos pode passar de 300
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Soldados israelenses dispararam contra uma multidão de palestinos que se reuniram na Cidade de Gaza para receber ajuda humanitária nesta quinta-feira (29) matando mais de cem pessoas.
“O número de mortos no massacre da rua Al Rashid (onde os alimentos eram distribuídos) é de 104 mortos e 760 feridos”, disse o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf Al Qudra.
As primeiras estimativas falavam em cerca de 50 mortos, mas as cifras foram revisadas para cima. O número de feridos é próximo de 300, segundo autoridades médicas locais.
Testemunhas relataram à Agência France Press (AFP) que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam da rotatória de Nablus, ao oeste da Cidade de Gaza, principal cidade do norte do território.
Fontes israelenses confirmaram os disparos, afirmando que os soldados se sentiram “ameaçados”.
A estimativa da ONU é de que mais de dois milhões de pessoas – quase toda a população da Faixa de Gaza – estejam ameaçadas de fome no território palestino, especialmente em sua parte norte. A pouca ajuda que consegue entrar na região é pelo sul, pela fronteira com o Egito, em Rafah. Antes da crise iniciada em outubro, cerca de 500 caminhões com ajuda humanitária entrava diariamente por Rafah. Em fevereiro, a média foi de 80.
A situação deve piorar, já que Israel anunciou planos para uma ampla ofensiva militar em Rafah em breve, local que recebeu centenas de milhares de palestinos que fugiram de outras partes de Gaza após o início dos bombardeios. A ONU vem se posicionando fortemente contra a ideia, classificando-a de ilegal.
“Não vejo como tal operação poderia ser compatível com as medidas vinculativas provisórias emitidas pela Corte Internacional de Justiça” (CIJ), disse o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
“A perspectiva de um ataque terrestre israelense a Rafah levaria o pesadelo infligido aos habitantes de Gaza a uma nova dimensão”, advertiu Turk.
A CIJ havia pedido em janeiro que Israel evitasse iniciativas que causassem “genocídio” em Gaza e que facilitasse a entrada de ajuda humanitária.