Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
“O meu sonho fundamental é o sonho pela liberdade, que me estimula a brigar pela justiça, pelo respeito do outro, pelo respeito à diferença, pelo respeito ao direito que o outro tem e a outra tem de ser ele ou ela mesmo. Meu sonho é que reinventemos uma sociedade menos feia, menos injusta, que tenha mais vergonha. Meu sonho é o sonho da bondade e da beleza” (Paulo Freire)
“A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realização me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiência social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de AMAR!” (Paulo Freire)
Sonhei que entrevistei Paulo Freire. Na verdade, não foi bem uma entrevista, foi um bate-papo. Foi na casa do Cavalcante e da Helena, grandes amigos de Paquetá, um casal libertário que só Paulo Freire.
Não sei se porque o sonho era meu, cheguei junto com o Patrono da Educação Brasileira e sua companheira Nita Freire. Me sentaram ao lado do casal para um almoço. Ô, sorte!, como diria o grande músico Wilson das Neves.
Na conversa, ele falou dos livros que escreveu e que sua sina foi assim, aprender e escrever sobre a vida.
Sim, o assunto maior foi Educação, mas falou-se de tudo. E sem burburinho, sem tratar Paulo Freire como um super star. Ele ali sentado, o pessoal em volta dele e a conversa rolando.
E – sabe de uma coisa? – ele mais ouviu do que falou. E seu jeito de ouvir fazia com que as pessoas poucos perguntassem a ele, pois seu olhar era de auscultar.
Pois, como disse: “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”.
E assim se deu o meu sonho. Quando acordei, constatei que com Paulo Freire não se sonha, pois ele continua vivo e com ele continuamos a conviver. Basta querermos.
Sempre digo que sou um jornalista de sorte, pois nas entrevistas que fiz em quase 40 anos de profissão, estive com Oscar Niemeyer, Ariano Suassuna, Eduardo Galeano, Mário Quintana e, agora, ô sorte!, com Paulo Freire.