Por Flavio Leandro, cantor e compositor
Meu primeiro trabalho foi vendendo sonho, um salgadinho de farinha de trigo, água e sal, aos 7 anos. De lá pra cá, já fiz muita coisa…e através delas fui preenchendo esta lacuna que nos liberta do ócio.
É impressionante como trabalho e sonho andam de mãos dadas, de mancebo.
E quanto mais você trabalha, mais sonha, e este vai puxando aquele, feito boi destemido, rasgando o bucho da terra de nosso porvir…
Fico triste quando vejo pessoas competentes, ansiosas por virem seus sonhos sendo matéria, não encontrarem o trabalho que as completam; fico triste quando vejo gente simples e capaz sendo explorada; fico triste quando vejo salários sendo justificados por credo, raça ou gênero; quando a preguiça do capital dorme no suor minguado de quem não tem capital; quando trabalhador obtuso mata seu sindicato e aplaude o dos banqueiros; quando trabalhador obtuso festeja reforma trabalhista de patronato…
Fico triste, muito triste, por hoje, dia do trabalhador, eu, e uma multidão de profissionais da música estarmos necessariamente ociosos, distantes da chama do povo que nos mantém acesos, e da pecúnia que nos garante o “dicumê”, já por mais de um ano…
Mas tudo isso passará, e um novo trabalhador brotará em nós, e sairá no mundo, vendendo sonho, a parte mais palpável da vida…
Feliz dia do Trabalho a todos!
Vejam aqui Flavio Leandro no Sarau Delivery, do Bem Blogado