De volta com a ótima escritora e jornalista Sonia Nabarrete. Desta vez com um miniconto que remete a um certo buraco quente. Veremos.
Buraco Quente
Tão logo foram vacinados, ela achou que já era hora de se conhecerem pessoalmente e o chamou para um encontro.
— Venha em casa amanhã, no final da tarde. Você vai conhecer o meu buraco quente.
Ele ficou surpreso com o convite, aceitou de pronto, porque durante os meses em que se comunicaram apenas virtualmente, a moça parecia recatada, até um pouco tímida.
Embora não precisasse, tomou um viagra para se garantir. Chegou à casa dela com o pau na testa. Ela ofereceu vinho e avisou que tinha chamado outras pessoas para o encontro. Já deveriam estar chegando.
A campainha tocou e ela recebeu um casal de amigos.
Mas que mulher ousada, ele pensou, primeiro encontro e ela já arma uma suruba.
Em seguida chegou um rapaz.
“Eita — ele se preocupou — este negócio está ficando esquisito. Suruba com muito homem não é legal”.
Na sequência, chega uma mulher muito bonita. “Agora sim, a coisa está ficando equilibrada. Se chegar mais uma ou duas mulheres, perfeito”.
A dona da casa foi então à cozinha e retornou com uma bandeja de lanches de pão francês recheados com carne moída.
— Agora se preparem para comer minha especialidade, o Buraco quente.
— Então buraco quente é um sanduiche?
— Sim. E o meu é especial porque acrescento queijo.
Mais tarde ele encontrou-se com um amigo para quem havia falado do buraco quente e estava ansioso para saber como tinha sido o encontro. Achou melhor não entrar em detalhes.
— Foi bom, mas muito diferente do que eu esperava.
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