Mais minitextos da ótima escritora e jornalista Sonia Nabarrete. Desta vez sobre uma paixão que se pode levar na mão e na mente
O escolhido
Foi paixão à primeira vista. Não, eu não era o mais bonito nem chamativo. Sei lá, paixão não se explica.
Só sei que ela me escolheu entre tantos e sem qualquer cerimônia me tocou. E em outro sentido, eu a toquei também.
No mesmo dia, me levou para sua casa, depois saiu comigo por aí, exibindo o novo amor. Fui companhia em diversos momentos.
O preferido era antes de dormir ao seu lado.
Mas logo veio a quarentena e aí ficamos mais tempo juntos. Eu gostava de sentir seu olhar curioso, o toque, e ficava deslumbrado com as reações que provocava.
Às vezes ela ria, outras, chorava, e também havia momentos em que parecia refletir, lembrar de alguma coisa ou sonhar.
Um dia, nossas possibilidades de interação se esgotaram. Mas a minha capacidade de provocar transformações, não.
Ouvi quando ela ligou para a melhor amiga e disse:
— Ele é simplesmente maravilhoso. Mexeu muito comigo. Claro que empresto. Melhor, vou te dar de presente.
Hoje mesmo coloco o livro no correio.
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