Estive uma vez na Suíça, na Basileia, mas não quero voltar lá tão cedo. Ao falar isso para um amigo num papo de mesa de bar, este me olhou como se eu fosse louco.
– Por que isso? A Suíça é um país maravilhoso. Tem um povo muito gentil. Você abrir mão das iguarias da Suíça? E o chocolate, então? E a vodka e o absinto? E o queijo suíço, um dos mais gostosos e famosos do mundo?
Continuei tentando explicar o motivo para não ir à Suíça, pelo menos nos próximos 10 anos, naquele papo de bar, onde você viaja para onde quer sem tirar os pés do chão e a mão do copo. Mas meu amigo não deixava terminar nem uma frase.
– Você tá louco de não querer ir à Suíça. E a paisagem? E aquele frio gostoso, aquela neve toda?
Depois de ouvi-lo divagar sobre as delícias suíças, das quais concordo com todas, bati na mesa e expliquei em alto e bom som para que meu amigo não me interrompesse:
Porra, com que cara que vou chegar na alfândega e dizer que sou brasileiro? Imagine como vão me olhar ao saberem que sou patrício de Eduardo Cunha, da mulher dele, a Cláudia Cruz, e do José Serra?
Há anos eles vêm denunciando que há falcatruas no metrô tucano do Alckmin, os depósitos ilícitos do Cunha e da esposa dos olhos esbugalhados e agora o Serra foi delatado por receber 10 milhões de dólares de caixa 2. E teria depositado a grana na… Suíça.
Eu, hein? Imagina se vou ter coragem de encarar um suíço depois desta vergonha toda que estamos passando por lá, com toda essa história de dinheiro sujo lavado nos Alpes. Estou fora. Da Suíça, pelo menos, por enquanto.
Ah, e também preciso arrumar dinheiro para pensar em ir a qualquer lugar neste momento,. Mas se arrumar grana, Suíça nem pensar.