Infelizmente, tudo indica que serão empurrados para debaixo do tapete os crimes eleitorais cometidos por Bolsonaro no 7 de Setembro. Reportagem publicada pelo site UOL, do Grupo Folha, nesta sexta-feira (9), mostra que, em geral, processos de abuso de poder econômico e político levam anos a fio para serem julgados.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
E justiça tardia não é justiça. Ainda mais quando o autor se beneficia dos delitos, como é o caso em questão. Trocando em miúdos: a forte tendência é de que Bolsonaro siga em campanha como se nada tivesse acontecido.
Também não dá para deixar de citar os dois pesos e duas medidas do TSE e da mídia comercial. Basta imaginar como o país estaria em polvorosa, caso Lula ou Dilma, na presidência da República, afrontassem a legislação eleitoral em proporção até bem menor do que fez Bolsonaro.
Outra coisa: presença ostensiva em atividades da esquerda (eleitorais, pré-eleitorais ou mesmo em outros períodos) os “coletes pretos”, fiscais do TRE, não deram o ar da graça no 7 de Setembro bolsonarista. Pelo menos, eu não os vi em nenhuma foto ou vídeo.
Para além de deferir ou indeferir candidaturas, ou vetar ou liberar vídeos de propaganda eleitoral, cabe à justiça eleitoral zelar pela lisura do pleito e impedir que determinadas candidaturas usufruam de vantagem indevida ao arrepio da lei.
A propósito, como acreditar na indignação genuína da imprensa comercial diante da avacalhação do Dia da Independência, se as próprias emissoras de TV ofereceram de mão beijada um palanque privilegiado ao capitão fascista ao transmitirem ao vivo por horas a fio toda aquela palhaçada eleitoreira?
Depois, para espiar culpa, a GloboNews ofereceu um espaço para os demais candidatos a presidente se expressarem sobre o 7 de Setembro e os crimes de Bolsonaro. Mas o desserviço à democracia já estava consumado.
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Vergonhas em série
A última edição da prestigiada revista britânica The Economist traz Bolsonaro na capa. Nada, porém, que enalteça o nome do Brasil. Pelo contrário, a publicação faz mais um alerta à opinião pública internacional sobre a ameaça que o capitão fascista representa para democracia, “ganhando ou perdendo a eleição.” Não custa lembrar que foi a mesma The Economist que publicou em sua capa, em 2009, uma foto do Cristo Redentor, com o título “Brasil decola”. Adivinha quem era o presidente em 2009?
Pirracinha
Aprofundando seu isolamento institucional, Bolsonaro não compareceu à cerimônia do Congresso Nacional comemorativa do Dia da Independência, que aconteceu neste dia 8 de setembro, um dia depois da arruaça organizada por ele. Como não tem estatura nem para presidir um clube de várzea, como o Arranca Toco Futebol Clube, que dirá a República, sua ausência foi uma represália aos presidentes dos demais poderes que se negaram a comparecer à esculhambação do 7 de Setembro.
Inimigo da educação
Reportagem de Amanda Sobreira, no Brasil de Fato: “O governo de Jair Bolsonaro registrou uma redução de 94% nos investimentos destinados às universidades públicas federais nos últimos quatro anos. Dos 21 institutos de pesquisa existentes no país, 19 tiveram queda de orçamento entre 2019 e 2021. Os dados são do Centro de Estudos Sou Ciência (…) O Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa (Inep) sofreu redução de 52% no repasse. O CNPQ, que fomenta pesquisas científicas, apresentou queda de 65% no orçamento.”
Um Rio de tristeza
Ainda é tempo. Não é possível que o estado do Rio de Janeiro, tão maltratado nas últimas décadas por governantes ineptos e corruptos, vá optar outra vez por outro integrante da fina flor da escória da política, como Cláudio Castro. O Rio tem 20 e poucos dias para mandar a tristeza embora e voltar a sorrir.