Cartazes nas ruas, etiquetas em prateleiras do comércio e sacolas de supermercados, acusando Bolsonaro pela alta da inflação bombam nas ruas e nas redes sociais
Por Rosely Rocha, editado por Marize Muniz, compartilhado de CUT Brasil
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Uma sacola do tipo que se leva supermercado com os dizeres “tá tudo Bolsocaro”; etiquetas estrategicamente colocadas nas prateleiras com “tá caro? culpa do Bolsocaro!” e cartazes colados em muros e postes como o mesmo mote são as “armas” que o consumidor encontrou para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que nada faz para conter a alta da inflação, ao contrário, investe em uma política econômica que atende os mais ricos e causa cada vez mais danos aos trabalhadores e aos mais pobres.
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Em abril, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulou alta de 12,13% em doze meses. Tudo subiu, mas o que chamou a atenção dos consumidores foram as altas absurdas registradas, de abril de 2021 a abril de 2022, em produtos como cenoura (+178%), tomate (+103%), abobrinha (+102,99%) e café moido (+ 67,53%).
Confira a lista dos 50 produtos que mais aumentaram em 12 meses até abril
A ação contra os preços altos, que está bombando nas redes, consiste em ir ao supermercado, colocar os adesivos com a frase “tá caro! Culpa Do Bolsocaro” em cima dos produtos mais caros como carne, fotografar e publicar nas redes sociais.
Já a sacola de supermercado adesivada foi feita exclusivamente para a ação e ainda não foi liberada para reprodução e venda pelo designer que a criou, embora sacolas idênticas já estejam sendo comercializadas, mesmo sem a autorização do criador – um reflexo do sucesso da ação.
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Quem tirou as fotos da última ação em um supermercado de classe média alta de São Paulo prefere não se identificar para não sofrer represálias, mas conversou com o PortalCUT sobre as ações e autorizou a publicação de suas fotos. Ele disse que o sigilo é apenas para evitar retaliações de parte de eleitores mais alinhados ao discurso de ódio de Bolsonaro.
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“Fui chamado por um grupo para participar deste tipo de ação que, para mim, é uma ação de cidadania. É nosso dever alertar a população dando nome de fato é o culpado pela crise, que é Bolsonaro”, explica o autor das fotos.
Segundo ele, é preciso ser discreto na hora de colocar os adesivos e fotografar. Ele alerta que a ação é contra Bolsonaro e não contra o comércio.
“Eu fui fazer minhas compras normalmente no supermercado, e aproveitei para colar os adesivos com o cuidado de não me expor e ser interpelado pelos seguranças ou funcionários”, diz.
“A ideia não é provocar conflito, mas sim conscientizar a todos”, complementa.
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“As pessoas que se incomodam com essa situação desagradável, quase um estado de exceção que o país vem vivendo têm o direito de se manifestar e este tipo de ação considero muito válida”, ressalta o ativista contra a carestia.
O adesivo que pode ser colocado também em barracas de feiras, entre outros comércios, está disponibilizado aqui.
Andar pelas ruas e encontrar cartazes do “Bolsocaro” já faz parte do cenário de algumas capitais e cidades de porte grande e médio no país. A ideia começou a ser colocada em prática há dois anos quando a crise econômica de aprofundou e o desemprego aumentou. E lá, em Brasília, como sempre, o presidente e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, ignoraram o drama dos trabalhadores, como agora ignoram a disparada da inflação, soltando fake news, factóides e disparates para tentar tirar o foco da população dos problemas reais do país. Nesse caso, sem sucesso, visto o êxito da ação contra os preços caros.
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Um dos organizadores da ação de lambe-lambe diz que já foram colocados mais de 100 mil ‘Bolsocaro’ nas ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades. Segundo ele, a aceitação da população pode ser notada a partir do momento em que raramente esses cartazes são arrancados.
“Tem cartaz que já está desbotando, mal se lê o texto, mas continua lá colado. De vez em quando o dono de algum comércio resolve arrancar o que colocamos, mas muitos ainda deixam. Isto é um indicativo de que a maioria concorda que Bolsonaro é culpado pela inflação e a crise econômica do país”, diz um dos organizadores da ação, que também pede anonimato.