Tá na hora do Jair pagar pelos seus crimes. Sem anistia!

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O Brasil está desafiado a não repetir seu erro mais renitente na história. Bolsonaro tem que responder pelo que fez. Sem anistia!

Por Aydano André Motta, compartilhado de Projeto Colabora




A alegria que se espalhou com o fim das trevas domina corações e mentes, como o sol envolve as manhãs mais perfeitas. O horizonte desenha vida nova, em ambiente fraterno e promissor, com muito por fazer, mas ao lado das melhores pessoas, todes caminhando juntes na direção certa. Assim, muita gente boa se encanta pela ideia de virar a página do pesadelo, esquecer a dureza do mergulho no inferno. E circula, timidamente, a ideia de anistia para os criminosos.

Como se diz hoje em dia, #sóquenão.

A volta de Lula, o ministério excelente, a guinada de 180 graus na gestão do meio ambiente (vida e preservação em lugar da devastação), a ressurreição da cultura, a valorização dos direitos humanos, a retomada da dura batalha pela igualdade racial… As muitas urgências do Brasil não serão debeladas sem a reparação dos muitos crimes cometidos por Bolsonaro.

A parte que presta da nossa sociedade está desafiada a cobrar as centenas de delitos cometidos pelo capitão no período em que ele se aboletou inquilino do poder. Conta do Aos Fatos calcula a dimensão bandida do ex-presidente: foram 6.676 declarações falsas ou distorcidas nos 48 meses de pesadelo, ou 4,58 mentiras por dia, uma a cada 102 minutos, considerando oito horas de expediente (desculpem a generosidade, o bicho trabalhou muito menos do que isso).

A bandeira do Brasil com o clamor de um povo: Bolsonaro tem que pagar. Foto Ettore Chiereguini/AGIF/AFP

As falsidades são a parte menos grave da folha corrida do capitão. Pedro Hallal, epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, estima que quatro em cada cinco mortes na pandemia poderiam ser evitadas se o governo federal cumprisse com suas obrigações, poupando mais de 450 mil vítimas do descaso e da crueldade bolsonara.

O ex-presidente empurrou a população para o precipício ao debochar do uso de máscaras, menosprezar a ciência, inventar efeitos colaterais inexistentes e virar garoto-propaganda de remédios que a ciência comprovou ineficazes contra a covid-19. Na fase aguda da crise sanitária, houve ainda escândalo de corrupção na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.

Sobre dinheiro público, aliás, multiplicam-se bandalheiras – as rachadinhas, propina no Ministério da Educação, orçamento secreto, os cheques na conta da então primeira-dama (que também precisa se explicar à Justiça), envolvimento do Ministério do Meio Ambiente em contrabando de madeira ilegal, equipamentos agrícolas superfaturados… Uma lista quilométrica de crimes.

No meio ambiente, também brotam barbaridades com a assinatura do capitão. Deliberadamente, ele e seus cúmplices no governo turbinaram o garimpo na Amazônia, envenenando rios e devastando a floresta. Povos indígenas isolados enfrentaram doenças para eles fatais, levadas até os rincões pelos bandidos bolsonaristas. O desmatamento recorde, que horrorizou o mundo, está entre suas principais obras. As imagens terríveis das queimadas no Pantanal e na própria Amazônia servem como provas inapeláveis.

Assim como os biomas, Bolsonaro atacou impiedosamente a educação brasileira, deixando universidades à míngua de recursos, reprimindo professores, demitindo cientistas e massacrando estudantes. Fragilizou escolas e afugentou crianças e adolescentes das salas de aulas. Sua atuação deixará marcas que serão sentidas por gerações.

Mas da montanha de delitos, nenhum consegue ser mais grave do que os ataques à democracia. O militar irrelevante que trocou o Exército por 30 anos de inutilidade no Legislativo exaltou torturadores, bajulou ditadores e sabotou o quanto pôde o Estado de Direito. Acumulou centenas de crimes de responsabilidade, ao atacar a Constituição, ameaçar retaliações contra ministros do STF, questionar eleições consagradas mundialmente como limpas e silenciar diante das depredações promovidas por seus seguidores nas ruas.

Os muitos cadáveres produzidos pelas armas oferecidas à população sob incentivo governamental são outra conta a ser cobrada. Os tais colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) alastraram-se em progressão geométrica pela mais consistente política do ex-presidente. Uma gestão de morte que precisa ser inesquecível.

A terra ensolarada do conchavo eterno tem a oportunidade de não repetir os erros cometidos no passado, com a escravidão, as ditaduras, os muitos crimes de um Estado concebido para ser cruel com pretos, pobres, mulheres, indígenas e outras populações. Como berrou o povo na posse de Lula, sem anistia! Bolsonaro e sua quadrilha têm de responder por todo o horror que construíram. Só assim, desaparecerão da vida brasileira para sempre.

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