Uruguaio de nascimento, Taiguara Chalar da Silva, o Taiguara, foi um dos mais combativos cantores brasileiros. Em tupi, Taiguara significa “livre, senhor de si”, portanto, seu pai Ubirajara, bandeonista e sua mãe, a cantora Olga acertaram na escolha do nome do filho. Duramente perseguido pela censura da ditadura militar, o músico teve 68 de suas músicas censuradas.
Por Fernando do Valle, compartilhado de Construir Resistência
Se estivesse vivo, Taiguara completaria hoje 77 anos. Ele nasceu em 9 de outubro de 1945 e morreu em 14 de fevereiro de 1996.
Com 4 anos, o cantor muda-se para o Rio com os pais e com apenas 8 anos já se arrisca ao piano, presente de seu avô. Com 15 anos, veio para São Paulo e em pouco tempo começa a tocar em bares da capital paulista, onde se apresenta com a cantora Claudete Soares, que o ajuda no início da carreira. No final dos anos 60, Taiguara fica conhecido do grande público nos festivais.
Em 1976, ele lança o mítico disco “Imyra, Tayra, Ipy” com músicos do naipe de Hermeto Pascoal, Wagner Tiso, Toninho Horta, entre outros. Muito perseguido pela censura, cantor credita as letras do disco a sua mulher, Ge Chalar, e consegue lançar o disco. A estratégia durou 72 horas, tempo que a tiragem do disco durou nas lojas antes de ser recolhida.
Taiguara em sua casa
“Trago em meu corpo as marcas de meu tempo/Meu desespero, a vida num momento” e “Eu não queria a juventude assim perdida/Eu não queria andar morrendo pela vida” (trechos da música Hoje de Taiguara).
No exílio, Taiguara morou na Espanha, na França e na Tanzânia, onde estudou jornalismo e chegou a escrever um livro que nunca foi publicado. Apesar disso, alguns lançamentos recentes mantêm viva a memória dele. O filho do cantor, Lenine Guarani, gravou um disco com músicas do pai, a jornalista Janes Rocha escreveu o livro-reportagem “Os Outubros de Taiguara” e a gravadora Karup lançou o CD póstumo “Ele Vive” com canções inéditas recuperadas.
Fernando do Valle é Mestre em Tecnologias da Inteligência pela PUC-SP com a dissertação “Aspectos da mídia livre como resistência digital” e jornalista (formado e pós-graduado em Jornalismo Multimídia pela PUC-SP) com mais de 25 anos de experiência. Criou o Zonacurva em 2011 como espaço para a prática do jornalismo livre e crítico nas redes digitais.
Texto publicado originalmente no link abaixo do Zona Curva