Governadores de São Paulo e Goiás, alinhados com a extrema direita, anunciaram viagem oficial ao Estado judeu por iniciativa do premiê, mas embaixada israelense desmentiu
Por Henrique Rodrigues, compartilhado de Fórum
A embaixada de Israel no Brasil desmentiu a informação de que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convidou os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ronaldo Caiado (União Brasil), respectivamente de São Paulo e Goiás, para uma visita oficial ao país do Oriente Médio. Os dois políticos, profundamente alinhados à extrema direita, devotos do bolsonarismo e de discurso bajulador em relação ao Estado judeu, alardearam a suposta “missão oficial” e agora terão que explicar a mentira que disseminaram.
“Os governadores não foram convidados pelo Estado de Israel, mas sim por organizações da sociedade civil, uma vez que esta delegação não é uma iniciativa governamental”, diz o trecho da nota divulgada pela representação diplomática israelense, que ainda tentou atenuar a mentira, por natural afinidade ideológica entre as partes, dizendo que “o objetivo da delegação, tanto quanto sabemos, é expressar solidariedade para com Israel”.
Empolgado com a viagem, que deve ocorrer entre os dias 18 e 22 deste mês, Tarcísio de Freitas procurou afastar questões “políticas ou ideológicas” do tal “convite de Netanyahu” que nunca existiu, e prometeu apenas ir a Israel para tratar de negócios.
“Não tem nada a ver. Acho que primeiro, a gente não vai lá para fazer política. A gente tem uma parceria com o governo de Israel, parcerias importantes, compra de equipamentos, recebemos um convite. A gente tem uma excelente relação, estamos aceitando um convite e pronto. Sem ideologia e sem política”, disse o governador de São Paulo.
Caiado, por sua vez, foi mais cauteloso e assinalou apenas em nota que não tinha noção de qual agenda cumpriria no Estado judeu, confirmando apenas “ter aceitado” o convite que jamais ocorreu. Os governadores Romeu Zema (Novo) e Claudio Castro (MDB), de Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente, também teriam sido agraciados com o chamado do premiê de extrema direita que nunca foi feito, mas não quiseram topar a viagem.
Nenhuma das duas assessorias, de Tarcísio ou de Caiado, se manifestou até agora sobre a mentira da viagem a Israel por iniciativa do governo de Tel Aviv.