Temos que identificar o inimigo

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Por Ivan Seixas – 

A esquerda já teve tempo e experiências suficientes para deixar de acreditar ingenuamente na Democracia burguesa. No mundo, os exemplos são claros de que isso é ingênuo e primário. Só no Brasil tivemos dois bons exemplos de que não podemos acreditar que as coisas se transformam pelo voto e sem o fortalecimento da organização popular colocada em luta contra a direita. Tanto em 1964, com a experiência reformista do Jango, quanto o recente período reformista do lulismo, ficou claro que a burguesia só permite avanços até um certo ponto e depois dá um golpe e destrói violentamente as conquistas reformistas.

Até a eleição do Lula, em 2002, a esquerda, hegemonizada pelo PT, tinha em torno de 25% dos votos e da simpatia da população. A atual fúria direitista dividiu o país na metade e a esquerda, sem hegemonias partidárias, passou a ter a simpatia de mais da metade da população brasileira, tanto em votos, quanto em aceitação de discurso e ideias. Com certeza, a defesa das bandeiras populares e dos Direitos Humanos dos segmentos minorizados da sociedade (mulheres, LGBTTI, negros, pessoas com deficiência, jovens etc.) definiram o campo progressista brasileiro. A direita fez sua definição ideológica e se mostrou contra pobre, claramente homofóbica, racista, sexista e fascista.




Com o aprendizado histórico de 1964 (e a ditadura decorrente do golpe) e a de agora (com a atual ditadura do Judiciário e Mídia) a esquerda tem a obrigação de deixar de ser ingênua. Todos os partidos de esquerda e os progressistas também, a partir de agora, tem o dever de fazer a disputa ideológica com a direita no meio da população e, principalmente, nos segmentos discriminados e excluídos da sociedade. Mais do que isso, organizar para a luta por conquistas das reivindicações populares.

Uma plataforma e agenda comuns do campo progressista deve necessariamente incluir uma reforma política ampla e radical, a destruição da estrutura militarizada da Polícia Militar, que sufoca a própria base da corporação, a destruição da impunidade da mídia manipuladora, uma reforma fiscal radical para fazer os ricos pagarem impostos e uma completa agenda de implantação de Direitos Humanos para todos os setores da sociedade, criando uma verdadeira Democracia.

Por paradoxal que pareça, este é o momento mais fértil para a esquerda. Não é a toa que a direita está tão violenta e radicalizada contra os direitos da população e tão anticomunista. Por incrível que pareça, foi a direita que ressuscitou a luta de classes e recriou o comunismo como alternativa de poder. Não foi a esquerda, portanto.

Ivan Seixas
Militante de esquerda e de defesa dos Direitos Humanos

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