Tempo de revisitar

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 Por Claudio Lovato Filho, jornalista e escritor – 

Houve um tempo em que a ansiedade de leitor compulsivo me fazia ser um mau “releitor”.  Tanto livro novo para ler, caramba! E os que foram lidos – pronto – já estão lidos! Com o tempo, a angústia de descobrir coisas novas todos os dias nas livrarias foi diminuindo, e impôs-se com toda a força a constatação de que reler pode ser tão bom quanto ler pela primeira vez.




Escrevo isso ainda sob o impacto de três releituras maravilhosas feitas há pouco tempo: “Meridiano de Sangue” e “Onde os Velhos não têm Vez”, de Cormac McCarthy, um dos maiores escritores norte-americanos de todos os tempos, e “Passado Perfeito”, de Leonardo Padura Fuentes, o genial cubano que nos presenteou com as histórias de Mario Conde e que ofereceu à literatura mundial um petardo referencial chamado “O Homem que Amava os Cachorros”.

O despertar para certos aspectos ignorados na primeira leitura pode proporcionar um prazer fabuloso. E como o nosso momento de vida tem influência sobre as novas descobertas que se podem fazer!

Da literatura para o cinema. Há alguns dias revi “A Batalha de Argel”, um clássico monumental do diretor italiano Gillo Pontecorvo, falecido em 2006. Lançado em 1966, o filme é uma produção ítalo-argelina sobre a guerra da independência da Argélia, travada contra os colonialistas franceses. É uma aula de cinema em diversos aspectos. Em tempo: revi o filme no youtube, de um jeito meio precário – sem que isso afetasse o encanto. Quanto mais poderoso o conteúdo, menos dependente da tecnologia ele é.

E do cinema para a música. Ouvir Neil Young é um presente quase diário que me ofereço (na verdade, é ele que o oferece, claro) desde aadolescência. Meus discos do mestre canadense totalizam mais de cinco dezenas e, até por isso mesmo, pela quantidade de CDs e LPs que tenho, alguns deles ficam, por vezes, algum tempo sem serouvidos. Há alguns dias coloquei no tocador de CD um dos primeiros discos dele que adquiri,o célebre “Comes a Time”. Logo nos primeiros versos da faixa-título vem este recado: “Comes a time whenyou’redrifting/Comes a time whenyousettledown”. Tempos de estar à deriva, tempos de se acalmar. Acho que, de alguma forma, isso tem muito a ver com o texto que aqui se encerra. 

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