No debate desta quinta-feira (22), à noite, na GloboNews, sobre a mais nova pesquisa Datafolha, alguns comentaristas convergiram para a tese segundo a qual o voto útil já se realizou, ou está em sua fase final. Outra opinião expressada foi a de que o voto útil acabou se limitando à elite política.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Não concordo com o que ouvi acerca do voto útil. Penso que ele seja um movimento que ganhará corpo nos últimos três dias da campanha, mas que terá seu ápice apenas no momento em que o eleitor estiver diante da urna eletrônica, na cabine de votação.
Sendo assim, pode ser que nem mesmo as pesquisas de véspera captem na íntegra a inclinação de um determinado contingente do eleitorado de resolver a parada logo no primeiro turno, evitando que Bolsonaro tenha mais uma chance.
Enquanto isso, Lula vai crescendo um pouco, mas de forma consistente, entre os eleitores que pretendiam abster-se ou votar nulo e em branco. Em uma eleição em que a imensa maioria das pessoas considera definitiva sua escolha para presidente da República, não é insignificante crescer dois pontos percentuais, de 45% para 47%, embora dentro da margem de erro, em uma semana, como mostrou o Datafolha de ontem.
Chama atenção outro dado obtido pela pesquisa, fora da variação dos números da corrida presidencial. Nada menos que 69% das pessoas entrevistadas entendem que há corrupção no governo Bolsonaro, jogando por terra de vez uma das principais, e farsescas, bandeiras de campanha do capitão fascista. Não é mesmo possível enganar a muita gente por muito tempo.
Mas o que esperar destes derradeiros nove dias de campanha?
Lula deve dobrar a aposta em atividades de rua, em encontros com o povo, aumentar ainda mais sua presença nas redes, e seguir fazendo costuras políticas ao centro, para pavimentar o caminho da vitória no primeiro turno.
De Bolsonaro, desesperado para tentar evitar a derrota já em 2 de outubro, espera-se o jogo mais sujo possível, algo como nunca se viu na história das eleições brasileiras.
Venceremos.
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Bancada de sindicalistas
A representação patronal no Congresso Nacional é expressiva: são 196 deputados e 38 senadores, prontos a votar em todas as propostas do interesse dos empregadores. Para tentar reverter este quadro, nesta eleição a CUT lançou 49 candidatos dirigentes sindicais em todo o país a deputado federal, estadual e senador. Somando os candidatos ligados a outras centrais, a expectativa é de crescimento da bancada do movimento sindical.
Inferno astral
Mais um cambalacho bolsonarista é barrado pelo TSE. Depois de ter proibido a veiculação de imagens do 7 de Setembro por sua campanha, agora o tribunal vedou também a utilização de imagens do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU .A decisão também é do ministro Benedito Gonçalves, que, em seu despacho, disse que a campanha de Bolsonaro tem sido recorrente em explorar fatos que são gerados pelo cargo de presidente.
Cerco se fechando
A nota do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a eleição presidencial não cita Lula nominalmente, mas é como se o fizesse. Veja só: “Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade e defende direitos iguais para todos, independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação, a ciência e está empenhado na valorização do nosso patrimônio ambiental (…)”
E o vídeo do Chico Buarque, hein?
Eleitor de Lula desde sempre e comprometido com as causas populares e progressistas, Chico Buarque, o maior artista brasileiro, também conhece estratégia eleitoral. Em vídeo que está viralizando nas redes, Chico vai direto ao ponto: “Hoje eu não quero conversa com admiradores do Lula. Prefiro falar com quem não gosta do Lula, mas há de entender que, neste momento, o importante é salvar a nossa democracia (…) Então, quem não gosta do Lula e aceita votar nele assim mesmo, a contragosto, é melhor votar uma vez só e encerrar o assunto.”