Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
“Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo”. A frase que vivia repetindo e praticando o grande resistente ao arbítrio, inúmeras vezes preso e torturado, Gregório Bezerra, me veio à cabeça quando começaram a surgir notícias da morte de Marisa Letícia, a esposa de Lula, que dignificou a figura de primeira dama do Brasil. Tenho pena, não ódio, de quem comemorou o AVC de Marisa Letícia.
Entendo que Gregório Bezerra estava coberto de razão e em homenagem a estes grandes combatentes da injustiça social, Marisa Letícia e Lula inclusos, devemos ir à luta sim, mas contra este sistema que não odeia, mas terceiriza o seu ódio para pessoas incautas, raivosas, invejosas, egoístas e ignorantes. Sistema que oprime a todos, até aqueles que não se acham reprimidos.
Tenho pena de um juiz que, criminosamente (vejam bem, um juiz praticando crime impunemente e chamando para si o crime) que vazou, para a malfadada Rede Globo, gravações telefônicas, expondo às feras Marisa Letícia, Lula e Dilma. Este ficará, depois da fama efêmera, na história como um juiz criminoso, torturador.
Tenho pena dos jornalistas que emprestam cérebros deturpados, mãos e falas para a causa do golpe e dos golpistas. Sem falar naqueles que desejam e comemoram a morte de quem consideram adversários. Estes escrevem e gravam todos os dias o quanto são vis, paus mandados, sabujos.
Não tenho ódio, tenho pena e indignação. Todos estes contribuíram, sim, para a morte de Marisa Letícia, mas não devemos odiar estes, mas sim lutarmos contra o sistema que os gerou, que faz hoje se sentirem vitoriosos de uma vitória suja, safada, injusta, ilegal. Vitoriosos lá do jeito deles. Como disse Darcy Ribeiro, “detestaria estar no lugar de quem me venceu”.
Obrigado Gregório Bezerra! Obrigado Darcy Ribeiro!
Marisa Letícia, presente!
Foto de Ricardo Stuckert, Instituto Lula.