Tenso, “Serra das Almas” ataca a violência machista

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Em cartaz desde a última quinta-feira, 24/04, “Serra das Almas” se embrenha por um caminho não muito usual da produção cinematográfica brasileira: o filme de aventura.

Por Celso Sabadin, compartilhado de Planeta Tela




O ponto de partida é Samanta (Julia Stockler), uma jornalista idealista (sim, é ficção) que não mede esforços para investigar a verdade (tô falando que é ficção) por trás de uma operação de tráfico de pedras preciosas que envolve altos escalões da política (aí já se aproximou do documental).

Como não podia deixar de ser, algo dá errado na investigação de Samanta (se as coisas não dão erradas, não tem filme, claro), colocando em perigo não apenas a sua própria vida como também a de sua estagiária. Neste processo, um grupo de homens e mulheres, criminosos e inocentes, se vê repentinamente isolado e aprisionado em uma propriedade rural nas imediações da reserva que dá nome ao filme. O lugar se transforma num caldeirão de tensões, machismo e violência.

A direção segura de Lírio Ferreira aliada a interpretações vigorosas e críveis de um ótimo e homogêneo elenco (a preparação é de Sílvia Lourenço) acabam por encobrir a fragilidade do roteiro (escrito por Paulo Fontenelle, Audemir Leuzinger e Maria Clara Escobar), que muitas vezes se apoia em coincidências pouco convincentes e clichês do gênero para desenvolver sua trama. Especialmente marcante em seus aspectos técnicos, “Serra das Almas” cativa ainda pela beleza da fotografia de Pedro Vosobre Krüger e pela agilidade da montagem de André Sampaio.

Destaque especial para Nicolau Domingues, que faz do som do filme praticamente um personagem, repleto de carga dramática e força narrativa.

O elenco ainda traz Mariana Oliveira, Ravel Andrade, Mari Oliveira, David Santos, Jorge Neto, Pally e Vertin Moura, entre outros.

Quem dirige

Lírio Ferreira nasceu em Recife em 1965. Ao lado de Paulo Caldas, ele foi o responsável pela direção de BAILE PERFUMADO, de 1996, o pioneiro na revolução do cinema pernambucano que ganhou o Brasil, na época da Retomada. Sua estreia internacional se deu no Festival de Toronto de 1997. Veio a seguir ÁRIDO MOVIE selecionado para o Festival de Cinema de Veneza em 2005. Dirigiu CARTOLA, o documentário mais visto no Brasil no ano de 2007 e O HOMEM QUE ENGARRAFAVA NUVENS, premiado em festivais de cinema de Los Angeles, Roma, Montevideou, entre outros. Com SANGUE AZUL, ganhou o Prêmio de Melhor Filme no Festival do Rio de Janeiro e foi selecionado para Festival de Berlim. Em 2019, realizou ACQUA MOVIE, selecionado para os Festivais do Internacional do Rio de Janeiro, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival de Tiradentes e para o LABRIFF em Los Angeles, onde ganhou 4 prêmios. Seu mais recente filme é o documentário CAFI sobre o fotógrafo pernambucano Carlos Filho e foi exibido no Festival do Rio e na Mostra de Tiradentes. Em 2022, ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival In-Edit e o prêmio de Melhor Documentário no LABRIFF em Los Angeles.

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