Empresa prestadora Athiva Log está em nome do genro do secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Mauro Carvalho
Por Alexandre Aprá, compartilhado de Issoé Notícia:
Mais de 30 trabalhadores da Athiva Log, empresa que presta serviços para a Ambev em Cuiabá, denunciaram à Polícia Civil que foram submetidos a coação e ameaças por policiais militares armados, que os forçaram a assinar um termo de demissão por justa causa.
O caso foi registrado na noite deste sábado, 5 de março, e teria acontecido nas dependências da Ambev, no bairro Novo Tempo, em Cuiabá.
A empresa Athiva Log está registrada junto à Receita Federal em nome de Helio Palma de Arruda Neto, genro do secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Mauro Carvalho Junior.
Conforme o boletim de ocorrência registrado pelos trabalhadores, eles foram impedidos de deixar o local de trabalho após o expediente e encaminhados a uma sala. (veja vídeos anexos)
Lá, foram coagidos por ao menos 10 homens armados, que se diziam policiais militares, e forçados a assinar um documento de demissão por justa causa.
No BO, eles apontam que o soldado PM, Rodrigo de Santana Oliveira e Silva, e o subtenente Marcelo Lacerda da Mata, como dois do operadores das ameaças e da coação contra os funcionários.
“Fomos mantidos em cárcere privado com PM´s armados”, diz funcionário demitido
A coação e ameaça, segundo um funcionário ouvido pelo Isso É Notícia, consistia na seguinte situação:
“Eles coagiaram a gente fazer aquilo com tudo aquilo de policial ali, tratando a gente como criminoso. A gente tinha acabado de chegar da rota, nos deixaram em cárcere privado. Quando entrei na sala, falaram pra mim que tavam mandando eu embora por justa causa porque a Ambev me investigou e acharam imagens como se eu tivesse saindo com mercadoria dali de dentro. E ameaçaram que eles tinham dinheiro para pagar os melhores advogados e que tipo ‘você não tem nada’, então alegaram que estavam fazendo tipo uma proposta pra você. Se você assinar que realmenta concorda com as imagens, a Ambev não vai entrar com boletim [de ocorrência] contra você”
No entanto, segundos os funcionários demitidos, a empresa alegou que foi roubada, mas não apresentou provas consistentes, apenas imagens dos carregadores com mercadorias dentro das dependências.
Agora, os funcionários prometem denunciar o caso à Corregedoria da Polícia Militar e a outros órgãos de fiscalização para que seja verificada se não houve, além dos crimes de ameaça a coação, uso da máquina pública para fins pessoais, já que a empresa possui relação com o secretário-chefe da Casa Civil.
Neste outro vídeo, um homem a paisana diz que é policial militar e ameaça prender um dos funcionários que se recusavam a deixar a empresa após ser forçado a assinar o documento de demissão por justa causa:
Os funcionários devem oficiar a Corregedoria da PM e também vão requerer à Polícia Civil que exija que a Ambev forneça imagens do circuito interno da empresa.
A Polícia Militar foi chamada formalmente pelos funcionários para denunciar a ação dos PM´s a paisana:
Outro lado
A Corregedoria da Polícia Militar informou que não recebeu até o momento nenhuma denúncia sobre essa situação. Informou ainda que está à disposição para receber e formalizar denúncia e adotar as medidas legais de apuração.
A assessoria de imprensa do secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Mauro Carvalho, também foi procurada pelo portal, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A Ambev foi procurada em seu telefone do escritório de Cuiabá, mas nenhum contato foi obtido.