Por Ivan Longo, no Portal Fórum –
De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, que acompanha o caso, o depoimento da catadora de materiais recicláveis Silvia Helena Troti foi negado pelos policiais por ela ser “nóia” e isso impediu que os agressores fossem presos em flagrante. Em depoimento hoje, três dias após o ocorrido, testemunha apontou novos detalhes que desmentem versão do restaurante. Garoto de 13 anos morreu após espancamento e caso foi registrado como “morte suspeita”
Nesta quarta-feira (1) prestaram depoimento no 28º Distrito Policial, na Freguesia do Ó, em São Paulo, os pais e uma testemunha do caso do adolescente João Victor de Souza Carvalho, que faleceu no último domingo (26) após uma suposta agressão de seguranças da rede de restaurantes Habib’s de uma unidade da Vila Nova Cachoeirinha. Conforme noticiado pela Fórum, o pai do garoto foi avisado que o menino tinha sido agredido na porta do restaurante e o encontrou já morto no hospital em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
Os seguranças do Habib’s alegaram em depoimento fornecido na última segunda-feira (27) na 13ª DP que o menino estava ameaçando clientes com paus e pedras e que não teriam o agredido. O jovem, segundo eles, teria saído correndo, passado mal e desmaiado. Teriam, então, acionado o SAMU e a Polícia Militar.
Depoimento negado e novas informações
O depoimento de uma testemunha feito nesta quarta-feira (1) desmonta as informações fornecidas pelos supostos agressores. Silvia Helena Troti, de 59 anos, é uma catadora de material reciclável que trabalha próxima ao local e que viu todo o episódio. A testemunha, no entanto, teve seu depoimente negado por um policial no dia do ocorrido pelo fato de ser “nóia”. De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, caso seu depoimento tivesse sido aceito no dia e ela tivesse reconhecido o segurança, ele teria sido preso em flagrante.
Silvia contou nesta quarta-feira que estava trabalhando próximo ao local quando viu o menino João Víctor sendo agredido por um homem forte, gordo, moreno com uniforme da rede de restaurantes. Ele teria segurado o jovem pela gola e dado um soco na cabeça, próximo a nuca do adolescente. O menino, então, teria desmaido. Este primeiro homem, junto com um outro homem alto e magro, também com uniforme do Habib’s, que ela diz ser o gerente, teriam puxado o adolescente pelos braços e pelas roupas, estando ele já desmaiado.
A testemunha disse ainda que antes das agressões ela pediu para que os funcionários não agredissem o menino e que ela ia chamaria os pais dele, seus conhecidos. Ainda segundo Silvia, o menino era conhecido da região pois vendia balas no local.
Também prestaram depoimento nesta quarta-feira o pai e a mãe do garoto. O pai, Marcelo Fernandes de Carvalho, informou que o menino já havia relatado ameaças de funcionários do Habib’s há dois meses.
Queima de arquivo?
O advogado Ariel de Castro Alves apontou que há um grande problema ainda relacionado ao caso: os fatos ocorreram às 19h do domingo (26). O registro, no entanto, ocorreu apenas às 4h da manhã do dia 27 e as investigações só se iniciaram hoje (1), três dias depois. Segundo o advogado, as apurações de possíveis homicídios não podem ficar paradas em razão dos feriados pois já teria dado tempo do Habib’s “sumir” com as imagens das câmeras de segurança, ou ainda editá-las.
A rede de restaurantes foi contatada para dar sua versão sobre o caso mas até agora não se pronunciou. Já o advogado Ariel de Castro Alves, que acompanha o caso ao lado da família do jovem, informou que a Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) vai cobrar da Polícia Civil que o caso seja esclarecido.