Como e por que o padeiro chefe do Titanic se salvou, além de salvar outras pessoas no naufrágio
Por Antonio Mello, compartilhado da Revista Fórum
Charles Joughin era o padeiro chefe do Titanic, o homem responsável por fazer delícias da panificação para os milhares de pessoas a bordo.
Mas Charles também foi um herói improvável, salvando a vida de inúmeras pessoas, inclusive a sua, graças a um hábito não recomendável.
Quando o Titanic se chocou com um iceberg e começou a ficar claro que iria naufragar, a correria foi intensa para os botes de salva-vidas.
Na realidade, como o Titanic (e alguns de nossos sonhos) era “inafundável” (e no entanto afundou, como alguns de nossos sonhos), havia poucos botes a bordo, em relação ao número de passageiros.
O padeiro chefe subiu ao convés e ajudou a botar mulheres e crianças a bordo. Mas alternava esse trabalho com descidas ao estoque onde tomava uma generosa dose de uísque.
Assim, salvando e entornando, Charles Joughin era um dos mais ativos a bordo, ajudando até a ir buscar em suas cabines os passageiros que se recusavam a abandonar o navio, pois acreditavam que era boato, pois o Titanic seria à prova de naufrágios.
À medida que o navio continuava a afundar, Joughin manteve este padrão: ajudar os outros a entrar nos botes salva-vidas, descer para tomar outro gole e depois retornar ao convés para continuar ajudando os outros. Joughin ajudou outros membros da tripulação a garantir que mulheres e crianças chegassem aos botes salva-vidas, às vezes até contra a sua vontade.
Estes eram como bolsomínions que até hoje acham que Bolsonaro é honesto, trabalhador, incorruptível, fez ótimo governo e só não fez mais nem foi reeleito porque a imprensa e o comunismo não deixaram — além das “urnas roubadas”, naturalmente.
Joughin pegava-os na marra e os jogava nos botes, o que salvou a vida de muitos.
Até que o Titanic afundou. Segundo se conta (e foi mostrado no filme já clássico de Cameron), o Titanic se partiu em dois, uma parte ficando para cima, embicada, que desceu suavemente.
Lá em cima, na ponta, estava o padeiro chefe, que teria descido às aguas como se fosse por um elevador.
A temperatura das águas naquela noite girava em torno de 10 graus centígrados, fria o suficiente para matar de hipotermia.
Mas Charles aguentou firme a água fria e foi salvo por uma das embarcações.
Segundo cientistas, foi o uísque que consumiu que o salvou.
“A maioria das pessoas que ficam submersas em água fria morre de “choque térmico” e não de hipotermia. A experiência de estar submerso em água abaixo de 10 graus Celsius pode levar a uma respiração rápida e superficial, vasos sanguíneos contraídos e outras respostas de pânico do corpo. A maioria das pessoas morre por afogamento ou parada cardíaca antes que a hipotermia se instale.“
Como Charles Joughin estava completamente bêbado quando chegou à agua, nem a sentiu tão fria nem se apavorou, pois não tinha condições de avaliar a gravidade do momento, graças à “coragem” fornecida pelo álcool.
O poeta Vinicius de Moraes certamente ergueria um brinde ao padeiro, pois para ele, se o cachorro é o melhor amigo do homem, “o uísque é o cachorro engarrafado”.