Muitas vezes, eu já escrevi sobre violência sexual.
Compartilhado do Blog de Adriana do Amaral
Hoje, contenho a minha emoção para tentar dialogar sobre os direitos da mulher.
Somos paridos por uma mulher, tendo ela tido ou não escolha para fazê-lo…
Entender isso, o contexto de como fomos gerados e o impacto do nossos nascimento causou ao entorno familiar/comunitário é essencial para compreendemos a importância do ato do nascimento.
Sabemos que nem sempre a gestação é planejada:
Algumas surpreendem positivamente, outras negativamente.
Pode ser cruel,
Pode ser uma celebração.
Pode ser um luto.
O nascimento de uma criança geralmente é ser bom, mas pode ser muito ruim.
Uma mulher que foi obrigada a ser mãe, seja por imposição da sociedade, seja por falta de recursos de controle da natalidade, seja pela violência contra o seu corpo sofre.
Ela sofre muito.
Algumas, pelo instinto animal próprio da fêmea acabam por amar incondicionalmente a cria, depois de suportada e superada tamanha dor;
Outras sentem-se culpadas por não poder fazê-lo.
As duas reações integram a normalidade, embora a sociedade reaja de forma contrário, julgando-as.
Em meio a insanidade que desafia a nossa sanidade, o PL1904/2024 mexeu com as estruturas brasileiras.
Eles barganham com os nossos corpos e direitos
O deputado federal Sóstenes Cavalvante (DEM-RJ) decidiu fazer uma manobra política -segundo ele para “testar Lula”- ou melhor, a fidelidade do presidente do Brasil que teria se manifestado à bancada evangélica que seria conta o aborto.
E, para isso, ele tenta desconstruir direitos conquistados com muita luta social e negociação.
O aborto legal foi uma vitória das mulheres frente a uma das maiores agressões que podemos sofrer: o estupro.
A violência sexual atinge também os meninos, mas principalmente as crianças, adolescentes, mulheres e idosas, inclusive algumas nos próprios lares e instituições, onde deveriam estar seguras.
O Estado não garante proteção, seja no trajeto de ida ao trabalho, de volta para casa; nas festas;
Em todos os lugares uma mulher sente-se exposta.
A cultura do estrupo é herança machista, patriarcal, conservadora, capitalista.
O estupro é considerado castigo até mesmo na cadeia, não é mesmo?
Infelizmente, tem autoridade, seja deputado, juiz ou policial (inclusive mulheres), que prefere considerar a vítima culpada.
Defender a vida é uma coisa, obrigar a vítima a aceitar a violência é outra.
É estupro mental e social obrigar uma mulher a conceber: mas puta é aquela quem pariu, não é mesmo?
A conta – do juízo alheio- cobra juros compostos.
Nossos corpos, nossas regras
O aborto legal é um direito, mas também é uma escolha.
As cicatrizem de um parto resultante de uma gravidez desejada pode ser uma memória afetiva…
As marcas de um estupro extrapolam as físicas, são torturas eternas.
O aborto legal é um direito conquistado pelas mulheres e suas famílias, mas a luta pela legalização do aborto ainda será árdua e longa.
Esses políticos não sabem, talvez não queiram saber, mas a roda do mundo gira, e quando eles aceleram no retrocesso a sociedade reage coletivamente.
Só não podemos descansar.
Temos de caminhar, uns cuidando dos outros, para que nós, mulheres, possamos caminhar e dormir no escuro das ruas e quartos sem sermos vítimas de homens torturadores de corpos e almas.