Trabalhador branco teve rendimento-hora 61,4% maior do que preto ou pardo, em 2022

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Rendimento-hora dos trabalhadores brancos foi de R$ 20,00 enquanto pretos ou pardos receberam pelo mesmo período R$12,40, mostra da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE

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 TÂNIA REGO / AGÊNCIA BRASIL

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O racismo segue sendo um fator da disparidade social e econômica entre brancos, pretos e pardos no Brasil, segundo dados do.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta quarta-feira (6), os dados da Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2023.

O estudo mostra a desigualdade salarial, inclusive entre os que têm curso superior e que a informalidade é maior entre pretos e pardos. Outro dado relevante é que a renda média do brasileiro de todas as raças caiu entre 2015 ( ano em que se preparava o golpe contra a ex-presidenta Dilma) e 2021, penúltimo ano do (des) governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em 2021, a participação dos rendimentos dos trabalhadores no PIB do país chegou a 39,2%. Essa foi a taxa mais baixa desde 2010 (41,6%). No ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que reúne 35 países ricos do mundo, o Brasil ocupava a 28ª posição em 2015 e caiu para a 40ª posição no biênio 2020-2021.

A renda do brasileiro por raça e gênero

Em 2022, o rendimento-hora da população ocupada branca (R$ 20,00) era 61,4% maior que o da população preta ou parda (R$12,40). Por nível de instrução, a maior diferença (37,6%) estava no nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos.

Em 2022, a população ocupada de cor ou raça branca (R$3.273) ganhava, em média, 64,2% mais do que as de cor ou raça preta ou parda (R$1.994). Já os homens (R$2.838) recebiam 27% mais que as mulheres (R$2.235). Porém, o rendimento médio das mulheres brancas (R$2.858) superava o dos homens pretos ou pardos (R$2.230). 

Informais por gênero e raça

A proporção de trabalhadores em ocupações informais reflete desigualdades historicamente constituídas, como a maior proporção de pessoa de cor ou raça preta ou parda em posições na ocupação de empregados e trabalhadores domésticos, ambos, sem carteira de trabalho assinada, além de trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social.

A informalidade é menor para os trabalhadores mais escolarizados. Entre as pessoas ocupadas com ensino superior completo, 22,8% estavam em ocupações informais, proporção que chegava a 62,8% entre as pessoas ocupadas sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto.

Em 2022, 40,9% dos trabalhadores do país estavam em ocupações informais. A proporção de informais entre mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) superava a média, enquanto mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) tinham taxas abaixo da média.

Entre as trabalhadoras de cor branca (34,5%) e os homens brancos (33,3%), essas proporções estavam abaixo da média. Tal comportamento ocorre em toda a série da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

População ocupada e setores

Na população ocupada do país, os brancos eram 44,7%, e os pretos ou pardos, 54,2%. No entanto, o recorte por atividade econômica revela a segmentação das ocupações e a rigidez da segregação racial no mercado de trabalho. As atividades com menor rendimento médio tinham maior proporção de trabalhadores pretos ou pardos, como a Agropecuária (62,0%), a Construção (65,1%) e os Serviços domésticos (66,4%).

Por outro lado, grupamentos de atividade com rendimentos médios mais elevados, como Informação, financeira e outras atividades profissionais, bem como Administração pública, educação, saúde e serviços sociais, têm proporcionalmente, maior presença de pessoas ocupadas de cor ou raça branca (55,9% e 49,6% respectivamente). Esse padrão ocorreu em toda a série histórica da PNAD Contínua, entre 2012 e 2022.

Mulheres ocupadas

As dificuldades que as mulheres enfrentam para encontrar ocupação e para permanecer ocupadas são reconhecidas, salienta João Hallak, gerente da pesquisa. “Principalmente quando não existem legislação e políticas públicas específicas para esta finalidade”, complementa, lembrando a menor participação feminina na força de trabalho. “Uma vez que a taxa de realização de afazeres no domicílio ou em domicílio de parente é mais alta para as mulheres, assim como a de cuidados de moradores ou de parentes não moradores”, explica. 

Mesmo as mulheres mais escolarizadas têm nível de ocupação menor que o dos homens. Em 2022, o nível de ocupação dos homens alcançou 63,3% contra 46,3% para as mulheres, tendência que, salvo pequenas oscilações, foi mantida em todos os anos da série histórica da PNAD Contínua. Entre os trabalhadores com ensino superior completo, esse indicador era 84,2% para os homens e 73,7% para as mulheres.

Na comparação entre mulheres com e sem instrução, o nível de ocupação das com ensino superior completo (73,7%) foi 3,1 vezes maior que o das mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (23,5%). Entre os homens, essa diferença foi menor, de 1,7 vez (84,2% e 50,4%, respectivamente).

Subocupados

A subocupação por insuficiência de horas investiga as pessoas ocupadas que trabalharam menos de 40 horas semanais e que queriam e estariam disponíveis para trabalhar mais horas.

Em 2022, cerca de 6,1 milhões de trabalhadores do país estavam subocupados por insuficiência de horas, o equivalente a 6,3% da população ocupada. Esse percentual foi o mais baixo dos últimos seis anos, embora ainda superior ao de 2016 (5,5%).

Carteira de trabalho

De 2021 para 2022, o percentual de pessoas ocupadas com vínculo empregatício recuou de 48% para 47,6%. Por outro lado, no período, a participação dos trabalhadores sem carteira de trabalho assinada e de trabalhadores por conta própria subiu de 45,6% para 46,4%.

A ocupação chegou a 1,2 ponto percentual, a menor desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

“Esse dado revela o crescimento da participação das ocupações socialmente menos protegidas na estrutura do mercado de trabalho brasileiro, situação distinta da verificada na primeira metade da década, especialmente em 2014, quando tal diferença foi a maior, em favor das ocupações com vínculo”, explica Hallak. Em 2014, o percentual de ocupados com vínculo foi de 51,9% contra 41,2% do grupo ocupados sem carteira e trabalhadores por conta própria.

IBGE

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