Por Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual, em Carta Maior –
Em viagem à Suiça, promotores obtiveram informações que detalham o caminho percorrido pelo dinheiro desviado no governo estadual tucano.
São Paulo – O Ministério Público de São Paulo vai anunciar no começo da próxima semana detalhes do esquema de corrupção envolvendo empresários e políticos tucanos em contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O promotor Marcelo Milani, da Promotoria do Patrimônio Público, que viajou recentemente à Suiça com outros promotores e procuradores da República, obteve documentos e informações de empresas e consultorias que detalham o caminho percorrido pelo dinheiro desviado no governo paulista, o que vai levar à indicação de outros envolvidos, entre eles de políticos e agentes públicos do governo estadual tucano.
O deputado Luiz Claudio Marcolino (PT) esteve na tarde de ontem (4) reunido com Milani. De acordo com o petista, o promotor adiantou que serão abertos outros inquéritos a partir das novas informações obtidas na Suíça. “Além dos inquéritos antigos, vão começar a investigar os contratos mais recentes”, disse Marcolino, que juntamente com o parlamentar petista Antonio Mentor tem encaminhado representações ao MP sobre o caso.
“A partir das novas informações obtidas pelo MP, esperamos mais agilidade e empenho nas investigações para que possamos chegar rapidamente ao nome dos agentes públicos e políticos envolvidos”, disse Marcolino.
A Polícia Federal concluiu um inquérito sobre o esquema de corrupção no Metrô e na CPTM em contratos no período de 1998 e 2008. O processo foi encaminhado esta semana à Justiça Federal, que indiciou 33 pessoas investigadas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e crime licitatório.
Entre os 33 estão servidores públicos, doleiros, empresários e executivos de multinacionais do setor. De acordo com o portal G1, foram indiciados Adilson Primo (ex-presidente da Siemens), Ramon Fondevilla (na época do cartel, diretor-geral de transporte da Alstom), Agenor Marinho Contente (então presidente da CAF), Masao Suzuki (então vice-presidente da Mitsui), Massimo Gianvina Bianchi (presidente da TTrans), Serge Van Temsche (ex-presidente da Bombardier).
E os dirigentes e ex-dirigentes da CPTM João Roberto Zaniboni – que mantinha na Suíça uma conta com US$ 826 mil, dinheiro que promotores brasileiros e suíços suspeitam que tenha sido de propina –, Ademir Venâncio de Araújo – que tinha US$ 1,2 milhão num banco suíço e que teve sua conta bloqueada pelo governo local por origem suspeita. Ambos foram diretores da CPTM durante os governos de Mario Covas e Geraldo Alckmin.
A lista inclui José Luiz Lavorente, há 15 anos na empresa, tendo trabalhado durante os governos Covas, Serra e Alckmin; o atual presidente da CPTM, Mário Manuel Bandeira, e Arthur Gomes Teixeira, da empresa Procint, que, segundo a PF, intermediava o pagamento da propina.
O ex-governador e senador eleito José Serra (PSDB) não foi indiciado porque a PF não identificou ligação do tucano com as empresas lideradas pela Siemens.
O caso envolvendo as empresas estatais e seus fornecedores de trens veio à tona com a divulgação, em 2013, as denúncias feitas por um ex-executivo da Siemens em troca da redução de pena por envolvimento no esquema que vigora nos governos do PSDB desde Mário Covas, passando por José Serra e agora Geraldo Alckmin.