Por Rogério Marques –
A intenção da postagem é apenas alertar para a repetição de erros ou vícios de linguagem que aparecem muito em matérias de jornais, noticiários de rádio e TV, e que podem ser evitados.
1 – “Fulano foi brutalmente espancado, ou brutalmente assassinado.” Ninguém é delicadamente espancado, assassinado ou torturado. Portanto, basta “foi espancado” ou “foi assassinado”. Existem outras formas de se reforçar, em um texto, a violência de uma agressão ou de um homicídio.
2 – Álcool e drogas. “Fulano havia consumido álcool e drogas”, ou “morreu porque consumiu álcool e drogas”. Ora, álcool é uma droga como qualquer outra. É até mais pesada que algumas. Pode dar prazer, como as outras, e pode causar problemas. Como se sabe, é uma das grandes causas de agressões domésticas, acidentes de trânsito, homicídios e internações por dependência química. A diferença é que é uma droga lícita que movimenta fortunas inclusive em publicidade nos meios de comunicação, ao contrário das outras. Então, caso se queira especificar, o mais correto é “álcool e outras drogas”.
3 – O outro erro é a banalização da palavra “polêmica”. Às vezes me parece que ela é usada para se manter uma falsa isenção. Agora mesmo acabo de ler que o candidato a deputado que quebrou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, do PSOL, teve “uma atitude polêmica”. Poderiam ter escrito que o candidato, que foi eleito, teve “uma atitude criticada” ao quebrar a placa, ou “muito criticada”, se preferirem. Mas não polêmica. Só mesmo trogloditas como o autor do gesto são capazes de apoiar uma boçalidade daquelas. Provavelmente, os mesmos que silenciaram quando Marielle e seu motorista Anderson foram assassinados, um crime até hoje impune.