Por Joel Santos Guimarães, jornalista
Cena 1: Ação
Estou comprando cigarro em um bar de Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo. Surpreso ao notar que todo o comércio da cidade está funcionando normalmente, pergunto ao dono do boteco:
– Hoje não é feriado? Mas vejo que todo o comércio está aberto. É para atender os turistas?
– Não, meu amigo. Aqui o 20 de novembro é um dia normal. Onde já se viu comemorar essa tal de Consciência Negra! A negrada já tem o feriado do dia 13 de maio, o que já acho um exagero. Responde o dono do boteco.
Cena 2: Reação
Ao meu lado, um cliente, que aguardava sua vez para pagar o maço de cigarro que também havia comprado, entra na conversa e encara o dono do boteco dizendo:
– Pela sua ignorância e pela sua falta de respeito com os negros, que ajudaram a construir esta cidade e este país, o senhor não precisava nem estar vestindo essa camiseta (com a cara do Bolsonaro), para eu saber que votou nele. Fique sabendo, seu aprendiz de fascista, que 13 de maio não é feriado.
Cena 3: O reacionarismo é tupiniquim
O reacionarismo do dono do boteco não chega a surpreender. Está no DNA da população local. Exemplo disso é que mais de 80% dos eleitores de Ubatuba votaram no coiso.
Vale lembrar que dos 5.570 municípios em apenas 1.025 deles no dia 20 de novembro é feriado. É o Dia da Consciência Negra. E Ubatuba não é um deles.
Pobre país chamado Brasil!