UERJ quer tirar título de dr. honoris causa de Médici e dar para Gilberto Gil e ativista LGBTQIA+

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Nesta sexta (2), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) estabeleceu uma Comissão da Memória e da Verdade. Uma das atribuições do grupo consistirá na análise de uma resolução datada de 1974, a qual conferiu o título de doutor honoris causa a Emílio Garrastazu Médici, o ditador que liderou o país entre 1969 e 1974.

Por Julio Cesar Silva, compartilhado de DCM




Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução

A deliberação foi tomada durante a primeira reunião do ano do Conselho Universitário, órgão máximo da instituição. Segundo o relator da proposta que originou a comissão, André Furtado, existem registros de ex-alunos expulsos e até desaparecidos durante o período da Ditadura Militar (1964 a 1985), bem como informações sobre as relações da universidade com o regime nesse intervalo.

A formatação da comissão e seus membros serão objeto de discussão subsequente. Uma proposta preliminar será apresentada na próxima reunião do conselho.

Emílio Médici, ex-presidente do Brasil. Foto: Reprodução

A reitora Gulnar Azevedo e Silva, que assumiu o cargo neste ano, destacou que o Ministério Público instou a Uerj a criar tal comissão em duas ocasiões, nos anos de 2022 e 2023. Durante a reunião, ela também testemunhou a prisão de estudantes nos anos 1970.

“Quando eu era estudante, em 1977, nossos colegas foram presos aqui na faculdade de Medicina. Tivemos colegas que ficaram um ano fugindo. A Uerj tem muita história. Luiz Paulo foi assassinado na frente do hospital. Essa Comissão da Verdade vai ter muito trabalho. Um trabalho que temos que fazer.”, afirmou a reitora.

No dia 22 de outubro de 1968, Luiz Paulo da Cruz Nunes, estudante de Medicina da Uerj, foi morto aos 21 anos com um tiro na cabeça durante um protesto contra a ditadura, em frente ao Hospital Universitário Pedro Ernesto.

Na reunião, o conselho também deliberou conceder o título de doutor honoris causa, a mais alta honraria da universidade, ao cantor e compositor Gilberto Gil e à ativista LGBTQIA+ Keila Simpson, sendo esta a primeira travesti e segunda pessoa transexual a receber tal distinção no país, conforme informou a Uerj.

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