Publicado em RBA –
Com excelência em produção científica, a universidade foi implantada durante o governo Lula e supriu a alta demanda de vagas no ensino público superior, especialmente para jovens carentes, via política de cotas
Chegada da UFABC descentralizou os campos de produção científica e foi importante para aproximar a população local aos projetos da instituição.
São Paulo – No dia 11 de setembro de 2006 entrava em operação a Universidade Federal do ABC (UFABC). Com dois campi, em São Bernardo do Campo e em Santo André, a universidade é referência pela vasta produção acadêmica e, 13 anos depois de sua criação, figura entre as melhores da América Latina.
Construída durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a universidade federal foi a primeira a ser implantada no ABC Paulista e veio para suprir a alta demanda de vagas no ensino público superior daquela região. A instituição garante o acesso ao ensino superior de estudantes carentes, por meio da política de cotas, e cumpre seu papel social principalmente para os jovens, como explica Sérgio Amadeu, professor de Políticas Públicas.
“Na região, a universidade vem a cumprir o papel de atrair jovens talentosos. Nós temos uma política de cotas que tem um resultado surpreendente, o que é um diferencial fundamental, pois estamos inserindo pessoas que não tinham acesso ao ensino de qualidade e, agora, podem virar cientistas”, afirmou em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.
Giovanna Lisboa Bezerra, que cursa Ciências da Humanidade, ressalta que a chegada da UFABC da região descentralizou os campos de produção científica e foi importante para aproximar a população local aos projetos da instituição. “Ela trouxe a possibilidade de ‘deselitizar’ a produção científica. Era inimaginável para os moradores ter acesso a esse conhecimento de forma tão acessível. A UFABC tem uma grande atuação com projetos de extensão, então ela está de portas abertas à população”, celebra.
A chegada da UFABC também supriu a demanda de vagas no ensino superior na região. Clóvis Girardi, presidente do Diretório Acadêmico da UFABC, enfatiza o papel do ex-presidente Lula para que a universidade se tornasse realidade. Ele destaca que a instituição só existe pois houve uma decisão política de levar ensino universitário público à região.
“A região do ABC tem uma importância econômica para o país, mas não tinha uma universidade gratuita e protagonista. Isso foi uma escolha do Lula e foi estratégica para a universidade receber recursos e sair do papel. A gente reconhece essa vontade clara do ex-presidente, esse legado deixado por ele e pela ex-presidenta Dilma Rousseff”, afirmou.
Fernando Castro, professor de Políticas Educacionais da instituição, ressalta que a UFABC já se tornou líder em várias áreas de pesquisa. Entretanto, o docente teme o futuro das universidades federais com a política do governo Jair Bolsonaro, que tem destruído o ensino público superior. “A UFABC já consegue pautar o debate científico, educacional e político, e isso no país. De fato, há universidade públicas que são um legado para sociedade brasileira. Por isso, é importante lutar pela gratuidade do ensino, em tempos de Future-se e desidratação do financiamento do ensino superior público“, alertou.