UFMG desenvolve tecnologia para impressões digitais dez vezes mais barata que a atual e importada

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Por Lilian Milena, publicado em Jornal GGN – 

Equipamento utilizado hoje prejudica saúde do policial papiloscopistas; nova tecnologia foi desenvolvida com financiamento público e parceria entre a Polícia Federal, Universidade e startups

Foto: Divulgação/Câmara Legislativa do Distrito Federal

Jornal GGN – Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um equipamento para revelação e análise de impressões digitais que, além de auxiliar o trabalho da perícia policial, custa dez vezes menos que o equipamento importado hoje pelas polícias no Brasil e, ainda, com materiais que não são tóxicos ao manuseio dos papiloscopistas.

O trabalho foi possível graças a uma parceria entre a Polícia Federal, a UFMG e duas startups, com recursos da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), como explica Oscar de Mesquita, professor do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, em entrevista para o jornalista Luis Nassif.

“A parceria com a Polícia Federal [tem como objetivo] melhorar e baratear a tecnologia de revelação da impressão digital. Os equipamentos disponíveis hoje para as polícias no Brasil, importados, custam entre 100 e 150 mil dólares”, comenta o pesquisador.




Ele conta ainda que os importados utilizam a luz ultravioleta que prejudica a saúde do policial papiloscopista, ao longo dos anos, por uso contínuo. Há ainda outros materiais tóxicos manipulados por esses profissionais que são pós químicos que ajudam na fixação e análise da impressão digital sob a luz ultravioleta.

Assim, os pesquisadores da UFMG trabalharam em duas frentes para desenvolver o novo equipamento: uma nova fonte de luminescência (emissão de luz) e um novo material para substituir os pós utilizados para obtenção de contraste das impressões digitais.

No decorrer das pesquisas, o grupo percebeu a necessidade de entender como e porque o corpo humano deixa impressões digitais. “Quando começamos a estudar não tínhamos muita noção do que era a impressão digital. Depois, entendemos que a impressão digital é, basicamente, deixada pelas glândulas que segregam gorduras das mãos e, onde ela toca, fica uma quantidade enorme de pequenas esferas de gordura. É isso que deixa a impressão digital”.

A partir daí, os pesquisadores estudaram com mais detalhes o fenômeno óptico do espalhamento da luz por essas gorduras chegando ao desenvolvimento de uma fonte de luz LED com a frequência adequada para esse tipo de análise.

O composto para substituir os pós tóxicos, empregados atualmente para ajudar no trabalho de fixação e análise das digitais, veio por sua vez de uma fonte inusitada: o resveratrol, potente antioxidante encontrado, principalmente, na casca da uva e que protege o fruto contra fungos.

“Já usávamos esse composto para outras aplicações e decidimos testar. O resveratrol se liga de uma maneira muito forte à gordura da impressão digital e permanece mais tempo ligado do que outros materiais. Fizemos testes com impressões digitais guardadas depois de meses [e que foram fixadas com resveratrol] e ainda estavam funcionando”, conta o pesquisador.

Financiamento

O equipamento foi desenvolvido durante dois anos de financiamento da FAPEMIG. Mesquita conta que, após uma reportagem da TV Band, divulgando a invenção, o grupo de pesquisa foi procurado por “papiloscopista interessados do Brasil inteiro”.

Mas, para que o protótipo desenvolvido dentro da Universidade possa ser produzido em escala, atendendo à demanda, é preciso um interesse maior das Polícias Federais e Civis.

“Se conseguirmos, por exemplo, um compromisso de compra de x equipamentos, podemos levantar um investidor para produzir”, destaca.

Acompanhe a seguir a entrevista na íntegra do professor Oscar de Mesquita. A partir dos 8 minutos 10 segundos, o físico aborda um pouco sobre a experiência da produção de grafeno, material considerado hoje tão ou mais revolucionário que o plástico e o silício.

As pesquisas do produto, desenvolvido a partir do grafite, começaram dentro da UFMG e, graças ao espalhamento da ciência no país, hoje é pesquisado com mais profundidade na Universidade Mackenzie em São Paulo, com recursos da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

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