Por CoordCom UFRJ, compartilhado de Projeto Colabora –
Boletim preparado por grupo de pesquisadores explica a forma de transmissão, os sintomas causados e as medidas de prevenção
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) vem desenvolvendo uma série de iniciativas no combate à epidemia mundial do COVID-19, novo coronavírus surgido na China no final de 2019. Para o acompanhamento da crise foi criado um grupo de trabalho multidisciplinar com pesquisadores da área da saúde a fim de desenvolver ações de orientação, diagnóstico e tratamento de possíveis casos da doença. Para orientar o público, o grupo de trabalho produziu boletim com informações sobre a origem do vírus, a forma de transmissão, os sintomas causados e as medidas de prevenção, atualizado nesta sexta-feira – veja o resumo abaixo.
O documento também traz uma análise sobre a possibilidade de ampliação da disseminação do COVID-19 pelo mundo e da chegada da doença no Brasil. Segundo o informativo, “a estratégia para evitar a disseminação da doença baseia-se na detecção precoce e isolamento adequado dos casos que possam acontecer em pessoas provenientes de outros locais”. Com essa possibilidade em mente, o grupo pesquisa formas mais rápidas e acessíveis para diagnóstico e prevenção da doença. O Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, coordenado pelo professor Amilcar Tanuri, já padronizou testes para detectar o COVID-19.
Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina, conta que a UFRJ atua em três objetivos principais: produzir material de orientação para a comunidade acadêmica; estruturar um fluxo para atender possíveis casos suspeitos; criar grupo de pesquisa para elaborar projetos que proporcionem um maior entendimento do tema, tanto do ponto de vista epidemiológico quanto clínico e virológico. “O grupo de trabalho procurou abranger os mais importantes aspectos dos problemas. Ressalto, no entanto, que ele está aberto a colegas que queiram contribuir com sua expertise, tendo em vista ser um problema muito complexo com impacto em várias áreas do conhecimento.”, disse Medronho.
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A reitora da UFRJ, Denise Carvalho, afirmou que o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho será referência para o atendimento de casos de coronavírus. “Contaremos com enfermarias de isolamento e também, muito provavelmente, leitos de CTI com isolamento, caso necessário”, disse.
Nesta sexta, o grupo de trabalho da UFRJ para acompanhamento da crise produziu um novo material para orientar a sociedade em relação à prevenção e aos cuidados com a COVID-19. Veja a seguir o documento na íntegra.
O VÍRUS
Em 31/12/2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada sobre casos de pneumonia grave de causa ainda desconhecida, na cidade de Wuhan, na China. Em 7/1/2019, os cientistas chineses anunciaram o isolamento de um novo coronavírus e desenvolveram um método para confirmação do diagnóstico. Com a expansão da doença para outras regiões da China e para outros países, a OMS declarou, em 30/1/2020, uma “Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional”. O novo coronavírus foi denominado SARS-CoV-2, enquanto a doença por ele causada tem sido denominada COVID-19.
TRANSMISSÃO
Acredita-se que o principal modo de transmissão do novo coronavírus é semelhante ao dos vírus da gripe, por meio de gotículas oriundas de tosse ou espirro, assim como da contaminação das mãos com secreções respiratórias por contato direto (aperto de mãos) ou indireto (tocar em superfícies contaminadas). Higienizar constantemente as mãos é fundamental para evitar que, caso contaminadas, entrem em contato com a boca, o nariz ou os olhos da pessoa, causando a sua infecção com o vírus. O grande fluxo de viajantes a negócios ou de turistas aumenta o potencial de disseminação da doença para novas áreas. Detecção rápida e isolamento adequado dos casos são as formas mais efetivas para evitar a disseminação da doença.
SINTOMAS
O novo coronavírus é capaz de causar doença respiratória em níveis de gravidade variáveis, desde leve até grave, podendo ser fatal. Sintomas comuns são febre alta de início súbito, tosse seca e falta de ar. Podem ainda estar presentes dor de garganta, dor no corpo, mal-estar e confusão mental. Os idosos e pessoas com doenças crônicas são mais vulneráveis às formas mais graves. A letalidade da doença varia em função de fatores como idade e presença de outras doenças, mas, em média, é atualmente estimada entre 2,5% e 3,5%.
CASOS SUSPEITOS
São considerados casos suspeitos do novo coronavírus aqueles que preencham os requisitos definidos pelo Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/novocoronavirus). Se houver possibilidade de atendimento médico domiciliar e/ou coleta de amostra para teste diagnóstico em domicílio, o risco de disseminação do vírus é reduzido. Contudo, caso não seja possível o atendimento domiciliar, o indivíduo deve procurar atendimento médico externo, tomando precauções (como as indicadas a seguir) no transporte e durante a espera na unidade de saúde, para minimizar o risco de transmissão e multiplicação dos casos. As autoridades de saúde elaboraram planos de contingência para manejar casos suspeitos e confirmados, inclusive identificando unidades de saúde que tenham condições adequadas (por exemplo, que possuam leitos com isolamento) para atender casos mais graves. A partir de 2/3/2020, estará disponível uma central telefônica do Ministério da Saúde no número 136 para atender tanto profissionais de saúde quanto cidadãos que apresentem sintomas e queiram orientações sobre como proceder.
TRATAMENTO
A base do tratamento das formas graves da doença COVID-19 é o suporte clínico precoce e eficiente. Por enquanto, não há tratamento específico com eficácia comprovada para o novo coronavírus.
PREVENÇÃO
Ainda não existe vacina disponível para prevenção do novo coronavírus. Portanto, para minimizar o risco de ser infectado, cada indivíduo deve adotar as seguintes medidas:
- Evitar a exposição ao risco: evitar aglomerações e ambientes sem ventilação adequada, evitar contato com pessoas doentes ou com sintomas respiratórios, assim como ter precaução em relação a objetos possivelmente contaminados (corrimãos, maçanetas, celulares, interruptores, torneiras etc.).
- Lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos com muita frequência. Na falta, friccionar mãos com álcool em gel em concentrações ≥ 60%. Sempre evitar tocar olhos, nariz e boca.
- Avaliar a possibilidade de adiar viagens não essenciais para países ou regiões onde esteja ocorrendo transmissão do vírus, assim como viagens em contexto de aglomeração (como em navios).
Quem apresentar sintomas, além das medidas citadas, deve desinfetar com frequência superfícies e objetos tocados e necessariamente cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, se possível com máscara descartável ou lenço de papel, a ser jogado no lixo após o uso. Se as mãos tiverem entrado em contato com lenço de papel usado ou com secreções, devem ser imediatamente higienizadas para não contaminar outras superfícies. Essas medidas são essenciais para evitar que o vírus se espalhe.
Máscaras de proteção descartáveis devem ser utilizadas pelos doentes quando em contato com outras pessoas, assim como por profissionais da saúde e pessoas diretamente envolvidas no tratamento de doentes. Contudo, o uso apenas de máscaras, sem a adoção das outras medidas de proteção (como higienizar as mãos), não é suficiente. A lavagem longa, meticulosa e frequente das mãos com sabão é essencial.