Um amigo que chega com o inverno

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Como uma preciosa tela, aqui um autêntico texto Capozzoli

Por Ulisses Capozzoli, Facebook





As temperaturas estão caindo. O calor intenso ficou para trás, ainda que isso entristeça muitos. Às 7h07 de 21 de junho começa o inverno por aqui. Nesse momento a Terra terá seu hemisfério norte com máxima exposição à radiação solar, enquanto no Sul ocorre o contrário.

É isso que traz o inverno por aqui, com a possibilidade de manhãs adoráveis. As montanhas inundadas por uma luz dourada que em alguns casos lembra a Toscana.

A possibilidade de comemorar a vida com o vinho que aquece o coração e a alma, acompanhado de pratos criativos. Saborosos, generosos e que não devem custar uma pequena fortuna. Comida boa, mas cara, não é uma boa receita.

Nesse momento, o inverno se aproxima a quase 110 mil km/hora. Em junho, o céu azul claro durante o dia, quase sem nuvens, à noite é uma cúpula cristalina. Se uma pequena chuva limpar a atmosfera, e a Lua não interferir, a observação é de uma nitidez impressionante, aberta pelo Cão Maior e sua joia mais preciosa: Sirius, a estrela mais brilhante do céu. Órion, ao anoitecer, estará baixa no horizonte oeste.

Em compensação, no Leste, estará subindo o Escorpião e, atrás dele, o Sagitário, apontando a direção do núcleo da Galáxia, onde ruge um buraco negro com massa estimada em 4 milhões de sóis.

A Terra, cantada em verso e prosa, um planeta vivo, belo. Azul pela presença da atmosfera. Não pelos oceanos, como considera a maior parte das pessoas. Azul por um fenômeno que os físicos chamam de “espalhamento da luz”.

Haverá no corpo da Galáxia, um mundo tão fascinante como a Terra? Certamente, mas não sabemos disso. Ao menos até agora. O único mundo em que chove, água e não ácido como ocorre em Vênus, é a Terra, com sua beleza azulada, pelo que sabemos, sem nenhuma dúvida. A terceira pedra do Sol. Haverá um outro mundo habitado?

O radioastrônomo americano Frank Drake, agora com 87 anos, escreveu uma equação que leva seu nome para tentar responder a essa pergunta. A resposta depende de um conjunto de variáveis consideradas. E cai pela metade, quando se considera a possibilidade de autodestruição.

Frank Drake, que nos anos 1960, fez as primeiras escutas e chamadas do que espera serem civilizações além da Terra projeta no céu o horror que assistimos por aqui, com cenas de batalhas e mortes, nos diferentes pontos azulados da Terra? Ou todas as demais possíveis inteligências tem algo que remete a um suicídio cósmico?

Essa é outra questão de que nos ressentimos de uma resposta. Mas, mesmo pessimistas, entre os que abordam a Equação Drake, admitem a possibilidade de não estarmos sós, sob o silêncio profundo das estrelas.

O físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) fez a pergunta na garganta de muitos humanos: “onde estão todos os outros?”, referindo-se a eventuais alienígenas. Houve um tempo em que essa questão foi considerada dispensável. Hoje não é mais.

Um dia desses escrevo sobre a Equação Drake e um amigo queridíssimo, Eduardo Dornelles Barcellos, quem introduziu no Brasil a exobiologia, o estudo da vida fora da Terra, como disciplina científica. Eduardo trabalhava na Agência Espacial Brasileira e morreu em um acidente em Brasília, no mesmo dia do incêndio da torre de lançamento de Alcântara, no Maranhão, em 22 de agosto de 2003.

Eduardo tinha um quarto em minha casa e um guarda-roupa para suas roupas, sempre que nos visitava. Boa parte dos livros que foram dele estão agora na minha biblioteca, por insistência de Maria Paula, que ele deixou com um adorável casal de filhos.

Por alguma razão, quando o inverno se aproxima me lembro dele. Não que não tenha lembrança em outros momentos. Mas, no inverno especificamente, a saudade é acentuada. Talvez pelas massas que preparamos. Ou pelo vinho que tomamos em muitas noites geladas.

Na foto, as Nuvens de Magalhães, próximas ao Cruzeiro do Sul.

 

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