Washington Luiz de Araújo, jornalista –
ANO I – GOLPE JURÍDICO-MIDIÁTICO-PARLAMENTAR. Assim deveriam os golpistas grafarem suas cartas, boletins, panfletos, postagens. Pois foi, precisamente, há um ano, que se aboletaram do poder, de forma injusta.
Os 367 membros Câmara Federal fizeram muita festa naquele dia em que votaram pela suspensão de Dilma Rousseff, para depois o Senado chancelar definitivamente o golpe. Pela família, pela sogra, pelo barbeiro vizinho, pelo cachorrinho…. Hoje, já não vemos festa.
Data tão marcante e festiva para eles, os golpistas e tão triste para nós, os que defendem a Constituição, não será tão recordada pelos primeiros.
Como que envergonhados, os que passaram a ser chamados de “coxinhas”, apoiadores do golpe, estão por aí, disfarçados, sem o amarelo CBF que os caracterizou. Viram um dia depois e depois muitos dias seguidos os “patriotas” que votaram pelo golpe serem pegos com a boca na botija. Muitos denunciados como corruptos, alguns parentes e o chefão maior, Eduardo Cunha, presos.
Judiciário e Globo sabiam das falcatruas de Eduardo Cunha, mas como ele fora o iniciador do processo do golpe, ficou solto até fazer o serviço sujo e mais alguns meses, para não dar na cara.
No último sábado, dia 15 de abril, talvez a guisa de comemorar o fato, Temer, aquele que traiu e sentou na cadeira presidencial, confessou o que todos sabiam: não houve crime por parte de Dilma,. O que houve, na verdade, foi a revanche de Eduardo Cunha pelo fato do PT votar contra ele na Comissão de Ética da Câmara.
E este ano passou e vai ficar marcado pelo desemprego causado pela derrocada econômica provinda do golpe, pelos votos contra os direitos do trabalhador, pelas ameaças que ainda pairam, como a propalada reforma da Previdência.
Nada a comemorar, muito o que lutar. Foram muitas as manifestações pacíficas contra o golpe e tantas outras virão. Dia 28, uma greve geral está sendo convocada. Por haver muita indolência por parte da população pobre, pode haver complacência por parte da classe média e pode haver muito riso sarcástico por parte da elite, mas não nos esqueceremos deste dia. Eles querem esquecer a pecha de golpistas, mas não conseguirão. Golpistas, sempre.
