Um bandido em Nova York: com visto vencido, Allan dos Santos desafia autoridades de dois países

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Fugindo da Justiça no Brasil, Allan dos Santos entrou nos EUA com visto de turista, que venceu em fevereiro do ano passado

Por Joaquim de Carvalho, compartilhado do Brasil 247




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(Foto: Reprodução)

Allan dos Santos invocou o princípio da liberdade de expressão para agredir um homem que andava pela calçada em Nova York, mas nem lá — e talvez principalmente lá —. esse tipo de comportamento não é admitido.

Se o homem agredido quiser — ele fala português, provavelmente é do Brasil —, pode acionar Allan dos Santos na Justiça dos EUA e, dificilmente, o bolsonarista que se diz jornalista deixaria de pagar indenização e talvez sofresse até alguma condenação penal.

A prova do crime ou dos danos morais foi postada na rede pelo próprio bolsonarista.

O homem, de óculos e com terno, sai de uma porta quando Allan pergunta:

— O que o senhor tem a dizer sobre as manifestações aqui?

— Eu não sei nada — responde a vítima.

— Não sabe nada? O Brasil não está vivendo uma tirania?

O homem tira o óculos e pergunta a Allan:

— O senhor mora onde?

Allan fica mais agressivo:

— A pergunta … Eu sou o jornalista aqui!

— Qual é o problema? — questiona a vítima, aparentemente sem saber por que estava sendo abordado.

Allan dos Santos gagueja, aparentemente surpreso pelo homem lhe olhar nos olhos: “O sen, o sen, o senhor. Não, eu só estou perguntando para o senhor. O Brasil não está vivendo uma tirania?”

O homem repete a pergunta: “O senhor mora onde?”.

Foragido da Justiça no Brasil, Allan grita:

— Responde o que estou perguntando, rapaz. Seja homem! 

A vítima, sem perder a calma e sem alterar o tom de voz, comenta:

— Você vai me bater?

Seu questionamento é próprio de quem se dirige a um bandido, que poderia ser traduzido assim: “Você vai me assaltar?”

O agressor comenta, como se não fosse bandido:

“Não, não vou bater nada, não”. E acrescenta, como se fosse um jornalista:

“Eu só tenho a liberdade de perguntar o que eu quiser”.

A vítima usa argumento que é claro para quem exerce com dignidade o jornalismo:

“E eu tenho a liberdade de não responder”.

O agressor Allan dos Santos parte para a agressão criminosa:

“Então pronto. Não responde. Fica calado, seu covarde. Então fica calado, seu covarde. 

A vítima se vira, encara o agressor e faz alguns comentários, pertinentes. Dá para ouvi-lo dizer: “Você me abordou, não sei o que está acontecendo”.

O agressor tenta se fazer de vítima: “Não bota a mão em mim, não bota a mão em mim”. A vítima levanta as duas mãos, para mostrar que não encostou no agressor, dá as costas e vai embora.

Allan dos Santos revela toda a sua natureza criminosa quando o homem está alguns metros adiante:

“Seu covarde, vagabundo, vagabundo, va-ga-bun-do”.

O que o bolsonarista foragido da Justiça brasileira fez não é jornalismo aqui e em nenhum lugar do mundo. O que ele fez foi um ataque criminoso, tentando se passar por jornalista para agredir o que ele considera adversário. No caso, este aparentemente nem sabia de quem se tratava.

Se a vítima processar Allan dos Santos, será ótima oportunidade para saber sua situação legal no país onde ele acredita poder fazer o que quiser, inclusive agredir pessoas na rua.

Quando teve sua prisão decretada no Brasil, por organizar atos contra o regime democrático, Allan dos Santos fugiu do Brasil. No inquérito, há fartas provas, inclusive diálogo dele com o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, a quem dá orientação sobre como Bolsonaro deve agir, para promover a intervenção militar, com o atual presidente no comando.

Allan foi primeiramente para o México e, em agosto de 2020, depois da quarentena exigida na época pelas autoridades em razão da covid, entrou no território dos Estados Unidos, com visto de turista, o B1.

O visto expirou em fevereiro de 2021, e não há notícia de que tenha sido renovado ou que ele tenha obtido outro status de permanência nos EUA, como asilado. Portanto, é possível que Allan dos Santos esteja em território norte-americano de maneira irregular.

O procedimento protocolar, neste caso, é detê-lo e deportá-lo ao Brasil, onde seria preso tão logo deixasse o avião. 

Como é um militante do governo Bolsonaro, certamente o Executivo não informará os EUA de que o homem que agride pedestre pode estar clandestinamente no país.

Mas isso não impede que o Supremo Tribunal Federal, um dos três poderes da república, tome essa providência.

Se o governo dos EUA fará cumprir a própria lei, é outro assunto. Talvez já saibam – e se não sabem, precisam ser informados – de que Allan dos Santos deixou o Brasil posivelmente com ajuda de Eduardo Bolsonaro.

O deputado e filho de Jair Bolsonaro foi citado na investigação da Câmara dos Representantes sobre a tentativa de invasão do Capitólio como participante de reunião suspeita com trumpistas, na véspera do maior atentado contra a democracia da história dos EUA.

Se Allan dos Santos é, como tudo indica, um operador de Eduardo Bolsonaro — já morou em casa alugada por ele em Brasília —, precisa ser monitorado como potencial terrorista.

O comportamento dele na rua de Nova York é indicador de que se trata, no mínimo, de pessoa perigosa. A extrema direita que inferniza o Brasil tem conexões com a extrema direita que ameaça o regime democrático nos EUA.

Se o governo de Biden permitir que um brasileiro, talvez em situação irregular, promova atos criminosos à luz do dia e ainda divulgue o vídeo impunemente, não estará defendendo a liberdade de expressão, mas se desmoralizando, por permitir o banditismo como se fosse manifestação democrática.

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