Um cervejeiro no país das maravilhas

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Por Wilson Renato Pereira, Jornalista, Psicólogo, Psicanalista – 

Folhear o menu do Delirium Café, em Bruxelas, para um cervejeiro, é como estar no paraíso. São cerca de três mil marcas de cerveja (1.500 belgas) num só lugar, um recorde mundial, segundo o Guiness Book. Após experimentar algumas delas é que pude perceber o verdadeiro sentido do nome da rua onde fica o bar: Impasse de la Fidelité. É mesmo muito difícil ser fiel a uma mesma cerveja, com tamanha tentação e possibilidade de ser feliz, gastronomicamente falando.




O Delirium Café, num primeiro momento, pode não agradar aos clientes mais sofisticados, já que o atendimento é um tanto quanto informal. Os pedidos e pagamentos são feitos no balcão mesmo, pois não existe serviço de mesa e os barmen servem cervejas de garrafa ou on-tap (o nosso chopp) nas 27 torneiras existentes. O certo é que nenhum cervejeiro digno do nome pode reclamar disso, pois o importante é o conteúdo das taças personalizadas com a marca da cerveja que está sendo degustada.

Delirium Café

Fundado em 2004, o Café inclui o Delirium Tap House e faz parte do Delirium Village, um complexo especializado em bebidas que fica aberto dia e noite. Seus proprietários são os mesmos da cervejaria Huyghe, produtora da Delirium Tremens, famosa cerveja belga com a marca do elefante cor de rosa. Fica próximo à Grand Place, no centro da cidade, é formado por vários ambientes internos e externos, onde se reúne gente de todas as idades, sete dias por semana.

Num pequeno beco de cerca de 50 metros (“Impasse”, no caso, pode ser traduzido como rua sem saída), está todo o complexo Delirium, inclusive o bar Monasterium, onde são servidas em ambiente exclusivo as cervejas de abadia e as famosas Trappistas, mais fortes e escuras, consideradas as melhores do mundo. São cerca de uma centena de opções, sendo dez on-tap.

Mas outras especialidades belgas também estão disponíveis no mesmo complexo. No Delirium Hoppy Loft são encontradas cervejas mais ácidas, amargas e intensas, como as gueuzes e krieks, essa última uma versão frutada. São bebidas de fermentação natural, feitas com leveduras selvagens existentes somente em regiões próximas a Bruxelas.

Para os amantes de preferências cervejeiras mais exóticas são oferecidos sabores incomuns como chocolate, banana, nozes, coco, especiarias, pimenta etc. Mas o lugar não vive só de cervejas. No Floris Bar são vendidos absintos e uísques, no Floris Garden runs, cachaças, piscos e coquetéis e no Floris Tequila podem ser pedidos mais de 500 marcas diferentes dessa bebida.

No Delirium todos os gostos são permitidos, inclusive aqueles que fazem torcer o nariz de quem tem paladar mais exigente. Mas, sob alegação de que o cliente é o rei, nem sempre critérios rigorosos do ponto de vista cervejeiro são levados ao pé da letra. No menu, figuram bebidas populares, como as industriais brasileiras Skol, Brahma e Antarctica mas a quase totalidade são cervejas excepcionais como a Chimay, St. Bernardus e Carolus Gouden, escolhida no ano passado como a melhor da Bélgica.

Além de proporcionar aromas e sabores inesquecíveis, o Delirium é uma grande festa para outros sentidos, como a decoração do local, repleta de memórias sobre cervejas e cervejarias, antigas placas de propaganda, bandejas, copos. Os ouvidos também são contemplados, pois toda quinta-feira é dia de jam sessions e concertos musicais.

Para quem espera um lugar calmo e tranquilo, onde se pode concentrar na degustação de cervejas de praticamente todos os estilos, o Delirium Café de Bruxelas não é exatamente um local adequado. Lembra mais uma balada de jovens, com música alta e casa quase sempre lotada. Mas é um excelente local para quem quer estar em contato com a cultura belga e de outras partes do mundo, num fantástico tour cervejeiro.

MINEIROS NO TOPO DO MUNDO

Não satisfeitos em ganhar a primeira medalha de ouro para o Brasil no mais importante concurso cervejeiro internacional (World Beer Coup), em 2014, os fundadores da premiadíssima Wäls, de Belo Horizonte, acabam de fazer história novamente.

Após deixarem a cervejaria mineira nas mãos dos filhos José Felipe e Tiago, há dois anos Miguel e Ustane Pedras Carneiro rumaram para a Califórnia, Estados Unidos onde criaram a Novo Brazil, que acaba de obter medalha de bronze na edição 2016 do mesmo concurso, onde foram avaliadas 6.700 cervejas de todo o mundo. A premiada foi a Corvo Negro, do estilo British Imperial Stout.

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