Por João Vicente Machado Flavio Ramalho de Brito, em seu Blog –
Ao se fazer uma lista dos grandes sambas da história, algumas das suas composições têm, obrigatoriamente, que entrar.
“Beija-me” (com Mário Rossi) – (Beija-me / Deixa o teu rosto coladinho ao meu / Beija-me / Eu dou a vida por um beijo teu), com várias regravações e registros, como as de Zeca Pagodinho e Pedro Miranda, Ana Costa e Casuarina
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“Meu consolo é você” (com Nássara), do carnaval de 1939, que o pesquisador cearense Edigar de Alencar considerava “um dos grandes sambas carnavalescos que conseguiram ultrapassar a efêmera existência do carnaval”. Foi gravado, inicialmente, por Orlando Silva que já despontava, na época, como um dos maiores cantores populares do país.
“Cai cai”, um samba-batucada, que tinha uma letra gaiata e que “caiu na boca do povo”. Teve uma versão francesa e foi cantado por Carmem Miranda no filme “Uma noite no Rio”(That Night in Rio, 1941)
“Favela” (com Waldemar Silva), o seu primeiro sucesso como compositor, gravado, em 1936, pelo cantor Francisco Alves. “Favela” tem mais de cem regravações e foi a primeira música brasileira a ser editada nos Estados Unidos.
Ele também fez marchinhas para o carnaval, quando as músicas para os festejos carnavalescos tinham grande qualidade, como a irreverente “O cordão dos puxa-saco” (com Eratóstenes Frazão) e “O Pedreiro Waldemar” (com Wilson Batista), que chegou a ser proibida, antes de ser gravada, pela censura do Estado Novo de Getúlio Vargas. “O cordão dos puxa-saco” foi gravada pelo conjunto vocal Os Anjos do Inferno e “O Pedreiro Valdemar” pelo cantor Blecaute.
“Lá vem o cordão dos puxa-saco / Dando vivas aos seus maiorais / Quem está na frente é passado pra trás / E o cordão dos puxa-saco / Cada vez aumenta mais
Vossa Excelência / Vossa eminência / Quanta reverência / Nos cordões eleitorais / Mas se o doutor cai do galho e vai ao chão / A turma toda ‘evolui’ de opinião / E o cordão dos puxa-saco / Cada vez aumenta mais”
“Você conhece o pedreiro Valdemar? / Não conhece / Mas eu vou lhe apresentar / De madrugada toma o trem da Circular / Faz tanta casa e não tem casa pra morar
Leva a marmita embrulhada no jornal / se tem o almoço nem sempre tem o jantar / O Valdemar, que é mestre no ofício / Constrói o edifício / E depois não pode entrar”
Ele, também, compôs vários gêneros de músicas como a valsa “Dá-me tuas mãos” (com Mario Lago), gravada por Orlando Silva, e o fox “Renúncia”, o primeiro sucesso do cantor Nelson Gonçalves.
Nascido, no Rio de Janeiro, em 1909, com um ano idade ficou órfão de pai. Foi criado pela mãe que era pianista no tempo do cinema mudo e lhe despertou o interesse pela música. Começou a trabalhar aos 12 anos. Aos 20, entrou para polícia, tendo dela se desligado, em 1939, para viver inteiramente da música. Foi um dos fundadores, juntamente com Braguinha, Ary Barroso e Dorival Caymmi, da União Brasileira de Compositores – UBC. Faleceu em 1992.
Roberto Martins é um nome inteiramente esquecido entre os grandes compositores da nossa música popular.
Roberto Martins, em Paquetá Rio de Janeiro, sempre lembrado nos Saraus por seu filho o pianista Jorge Roberto Martins e outros artistas.