Um jovem que amava os Beatles. E hoje ama o capitão!

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Os Rolling Stones, não sei, não, ele era um pouco conservador. Mas sem dúvida tratava-se de um cara legal, bem informado, que estudava em boas escolas. Chegou a morar nos Estados Unidos e voltou falando um inglês bem razoável, muito melhor do que o nosso, que não passava de “the book is on the table”. E foi um rapaz muito bonito!

Por José Trajano, do Conselho Consultivo da ABI, compartilhado do site da ABI




Gostava de futebol. Ele, Botafogo, e eu, America. Mais tarde, outra coisa nos aproximou: o jornalismo. Entrei antes na profissão, aos 16 anos, sem diploma (na época não era obrigatório), ele entrou depois porque formou-se na PUC, se não me engano.

Anos se passaram e o indiquei para trabalhar com nossa turma no falecido Correio da Manhã, na inesquecível seção de esportes chefiada pelo mestre João Máximo. O rapaz trabalhava em rádio, mas escrevia bem, checava bem e se deu bem no jornal impresso. Tanto assim que ganhou vários prêmios, inclusive o badalado Prêmio Esso de jornalismo esportivo, na época super prestigiado. Cobrimos juntos, no México, a Copa de 1970.

Os bons tempos de Correio da Manhã não duraram muito e cada um procurou o seu lugar por aí.

Muito mais anos se passaram e virei seu chefe quando assumi a direção de esportes da Band. Era um bom comentarista, ficara conhecido e acabou recebendo convite da Rede Globo. Foi para a Vênus Platinada e por lá permaneceu por vários anos.

Saindo de lá, descolou uma sinecura na TV Educativa, nome da época da atual TV Brasil, onde há anos se instala aos domingos para participar de uma mesa redonda que já foi referência e hoje se arrasta pela programação da TV oficial.

Antes disso, e paralelamente ao trabalho na TVE, convidei-o para trabalhar na ESPN. E, junto do querido Fernando Calazans (que também foi da turma do Correio da Manhã), formou durante anos a dupla carioca do programa Linha de Passe. Foi inclusive à Copa da Alemanha pela ESPN.

Este preâmbulo da coluna, ou nariz de cera, como se diz no jargão jornalístico, justifica-se para mostrar que eu e o cara citado fomos companheiros — amigos, nem tanto —, mas tivemos enorme intimidade durante bons tempos. Gostava quando no Linha de Passe ele falava dos filmes que assistira, das dicas cinematográficas que estavam em cartaz. Gostava do seu sorriso aberto.

Há coisas horríveis nesta vida. Muitas, mesmo. Nem preciso listar de tantas que são. Uma delas cabe aqui, com sinônimos: é a decepção, o desencanto, a tristeza por alguém.

E a minha é pelo cara que conheci há mais de sessenta e tantos anos quando estudamos juntos no Colégio São Bento, na praça Mauá. Do cara com que convivi em muitas coberturas jornalísticas, em alguns empregos comuns, em muitas situações prazerosas.

Cada um tem o direito e o dever de escolher o seu lado. E defendê-lo com toda a energia possível. Mas no momento em que atravessamos, defender um sujeito misógino, estúpido, preconceituoso, homofóbico, apologista da violência e da morte, que vira as costas e despreza a educação e a cultura, é demais pra mim.

Vejam só o que o cara escreveu com relação ao 7 de setembro:

RECORDE HISTÓRICO PELA LIBERDADE
Foi a maior manifestação cívico-política da história do Brasil. Sem tumulto, sem agitação, sem problemas.
Milhões nas ruas de pequenas, médias e grandes cidades. O que se viu em Brasília, São Paulo e Rio foi gigante e inédito. Ninguém pediu golpe, apenas críticas justas a um STF ativista e ao ex-presidente ladrão.
Mais que bolsonarista, foi manifestação de apoio a um bom governo com ótimos ministros, economia sadia e, principalmente um grito pela liberdade ameaçada.
A mídia do consórcio vai precisar de muito contorcionismo e cinismo para esconder as gigantescas multidões ou inventar ato antidemocrático. Vai omitir, manipular, distorcer.
E é difícil entender como as pesquisas eleitorais vão continuar justificando a liderança de Lula. O líder se esconde nas redações, nas pesquisas suspeitas, nas cortes de justiça e sindicatos e universidades aparelhados.
E, agora, José?

Assim, meu querido, desejo comunicá-lo que você acaba oficialmente de jogar a sua história no lixo. E que tem o total desprezo por parte de seus antigos companheiros.

E mais: sempre achei você meio burrinho, agora tenho certeza!

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