Por Mauro Ventura, no Facebook

“Caro Crivella,

Não sei qual é a forma de tratamento mais adequada para se dirigir a um prefeito, mas acho que “caro” está mais do que suficiente.

Soube que o senhor começa a costurar apoios para concorrer à reeleição. Quando li pela primeira vez, pensei que fosse fake news, piada ou engano, tal o ridículo da coisa. Mas não vi nenhum desmentido, então assustei-me. Pelo visto é sério.

Peço que reconsidere. Nenhum de nós – nem a população do Rio nem o senhor – merece. Nós porque o senhor é terrivelmente despreparado para a função. E o senhor porque já deu numerosas demonstrações de que está infeliz, desconfortável e enfastiado no cargo.

A rigor, devido à sua baixíssima popularidade e ao estado calamitoso do Rio, eu não deveria me preocupar. Mas há o chamado voto de rebanho. Uma parcela dos evangélicos pode decidir votar na sua candidatura por indicação do pastor. Convém, portanto, não correr riscos.

Por isso, lanço aqui o apelo: que tal então o senhor, que é bispo licenciado, desistir de concorrer novamente, abandonar a política e voltar ao púlpito, em vez de fazer da prefeitura uma extensão de sua igreja, oferecendo facilidades a pastores e fiéis?

Sei que é preciso antes convencer seu tio Edir Macedo, o que não é fácil. Mas não custa sonhar – e tentar. Afinal, o Rio merece ser cuidado, administrado e acarinhado por alguém que o ame. E o senhor já deu inúmeras provas de que o repele.

Rejeita suas manifestações populares, mostra-se ausente, mistura religião com política, promove cortes nas verbas de saúde, de conservação e de combate a enchentes e deslizamentos. Só sabe aumentar o IPTU.

Se o senhor realmente tem planos de se candidatar, convido-o a visitar a cidade, coisa que aliás o senhor não deve fazer muito.

Na música “Rio de Janeiro”, de sua autoria, o senhor canta: “Deus abençoe o Rio de Janeiro/Deus tome conta do Rio de Janeiro/Mostra o caminho pra gente.” Pelo visto, ou Ele não tem escutado o seu pedido ou o senhor não tem dado ouvidos a Ele.

Durante a campanha, seu lema foi “Vamos cuidar das pessoas”, promessa repetida no discurso de posse. Pois a melhor maneira de fazer isso é nos deixar em paz a partir do dia 31 de dezembro de 2020. É um favor que o senhor faz a nós e a si mesmo.”

PS.: Título do Bem Blogado