Por Carlos Eduardo Alves, Facebook –
Talvez o aspecto mais revelador da discussão do possível pós-Temer é a insistência do jornalismo econômico e seus satélites políticos na tese que aponta ser mais importante aprovar as reformas antes mesmo da moralidade.
É quase inacreditável o discurso sobre o “prejuízo” que a crise do porão de Temer causa ao mercado. Dá-se como fato que o País exige as tais reformas. O País quem, cara pálida? Então, no mundo imaginado por esses seres, o Conselho de Sábios decidiu e à patuleia ignorante só resta oferecer o pescoço para a guilhotina. Em que mundo vivem? O que comem? Como tomam banho?
É inegável, e a esquerda tem que ser racional e admitir, que alguma adequação a Previdência terá que fazer. A questão do envelhecimento da população é real e o rombo futuro não seria coberto nem com o combate à sonegação milionária de empresas. Mas falar de apertar o cinto já esquálido do cidadão antes de taxar dividendos, tributar os mais ricos e pensar em políticas de distribuição de renda é um escárnio, uma maldade das trevas, Não é o pobre, que já não tem quase nada, que deve pagar a conta da crise.
Temer usa a promessa de entregar direitos sociais para tentar se segurar agarrando-se ao mercado. Seu governo é só para isso, além de garantir foro privilegiado para corruptos. O que se tenta agora é acertar uma saída por cima, com eleição indireta por um Congresso contaminado de morte pela corrupção.
NENHUM GOVERNO terá legitimidade para impor soluções sem a legitimidade de urna. É indispensável uma campanha em que os candidatos digam claramente suas ideias, inclusive para a Previdência. Se o povo optar pela proposta cruel do mercado e seus porta-vozes na imprensa, ok. Mas enquanto esse aval não vier, a decência recomenda que se pare com o discurso usurpador do “O Brasil exige reforma”, “O Brasil quer reforma” etc. Mais recato senhores! Que a população escolha o caminho. Eleições diretas e gerais!