Por Zeca Ferreira, cineasta, Facebook
Snowden, ex funcionário da inteligência digital americana, sai do seu país e denuncia um esquema de espionagem internacional. O Brasil aparece como um dos países mais espionados e as escutas concentram-se sobretudo no Planalto e na Petrobras.
Menos de um ano depois é deflagrada a Lava Jato, um força tarefa dedicada a investigar desvios na… Petrobras. Os inquéritos daí decorrentes são endereçados ao juiz paranaense Sérgio Moro, em cujo currículo consta treinamento com o departamento de justiça norte-americano.
A Lava Jato prende políticos, empreiteiros e servidores da Petrobras, gerando consequências na economia e na política. O setor de infraestrutura praticamente quebra, gerando muito desemprego; o governo federal é derrubado por um motivo absolutamente fútil, em processo turbinado por vazamentos seletivos e manifestações amplamente difundidas pela mídia. As pessoas vão às ruas gritar “contra a corrupção” enquanto os políticos derrubam o governo pelo “conjunto da obra”.
Os governos que se sucedem (o provisório e o eleito em seguida) mudam a posição geopolítica do Brasil e o regime de exploração do petróleo – sobretudo do Pré-Sal – também são modificados, abrindo-se às empresas estrangeiras.
Anos de negação da política levam a eleição de um político com 30 anos de legislativo mas discurso de “nova política” e flerte com a ditadura.
O juiz Moro é chamado para ser ministro da justiça desse governo e inacreditavelmente aceita.
São revelados acordos da Petrobras e empreiteiras com a departamento de justiça americano (olha eles de novo) determinando bilhões em indenização sejam destinados a uma fundação administrada pelos procuradores da lava jato. O supremo tribunal federal questiona e passa a ser bombardeado por grupos de apoiadores da força tarefa.
Uma fonte anônima entrega para o site The Intercept, do jornalista americano Glenn Greenwald, milhares de mensagens mostrando os intestinos da operação lava jato, uma operação política, que atua inclusive para interferir no processo eleitoral que levaria Sérgio Moro até o ministério. No meio das inúmeras informações reveladas, fala-se em uma “colaboração do MPF com os americanos”, o que, feito de forma extra-oficial, é crime de ameaça a nossa soberania.
As revelações do Intercept, soltadas aos poucos,são devastadoras para a imagem do juiz Moro. Ninguém sabe ainda até onde as revelações podem chegar, mas o escândalo da lava jato é notícia no mundo inteiro. Acuado, o ministro Moro pede uma semana de férias (depois de seis meses de trabalho) e pega um avião. Ganha um doce quem adivinhar pra onde.