Pedro Amorim, músico, morador em Paquetá –
Ontem (12/02), na Alerj, durante a audiência pública sobre o problema dos horários das barcas (Ilha de Paquetá-Praça XV), assisti o pronunciamento do presidente da CCR, João Daniel. Foi bastante instrutivo: pudemos ver como um ser humano, feito da mesma matéria que todos, é capaz de ignorar completamente a existência dos outros.
Para ele, Paquetá é uma ilha deserta. Falou sobre as dificuldades que atravessa a empresa (oh!), falou sobre bilhões de reais. E falou, no mesmo tom e com a mesma cara, que os salários dos funcionários estão atrasados.
A gente imagina quanto deve ganhar um funcionário da CCR, que trabalha na limpeza, na manutenção, nas bilheterias. Que impacto terrível o salário destes funcionários causa nos bilhões da empresa!
Este homem cego e surdo, que é presidente de uma empresa bilionária. Certamente está satisfeito com a demolição dos direitos trabalhistas, com os ataques aos sindicatos, com o neoliberalismo covarde que vai se instalando como um câncer no nosso organismo social.
Estão todos muito à vontade: os empresários tubarões, os milicianos, os políticos corruptos…
E tem gente que até agora não entende, ou não admite, ou não se importa, que esta derrocada histórica da democracia é fruto da ascensão ao governo do bolsonaro, com todo o plano de destruição nacional.
Claro que o plano é anterior, mas agora encontrou todas as facilidades, todo o impulso de que precisava pra se estabelecer.
Mas ainda tem muito jogo pela frente. Precisamos nos unir cada vez mais, participar ativamente dos projetos que nos interessam, e realizá-los, com as condições que conquistarmos, mesmo que não sejam as mais favoráveis.
Não será tão cedo. Mas vamos fazendo, do jeito que der.