Um trecho do Pedrinhas Miudinhas, meu livro sobre encantaria:

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Luiz Antonio Simas

“Contam os canoeiros do São Francisco que o rio, na hora grande da meia-noite, dorme durante dois minutos. É a hora em que a vida vadeia e o mundo se recolhe: as cachoeiras interrompem a queda, a correnteza cessa e até Paulo Afonso silencia. Os ribeirinhos aprendem desde cedo que não se deve acordar o rio durante o seu sono. Nos dois minutos de sono do rio, os peixes se aquietam, as cobras perdem a peçonha e a mãed´água se levanta para pentear os cabelos nas canoas. Os que morreram afogados saem do fundo das águas em direção às estrelas. Não se pode interromper o sono do rio e ninguém é capaz de entender os seus mistérios, sob pena de endoidecer quem despertou as águas. “




Nos versos do poeta Paulo Cesar Pinheiro:

Meia-noite o rio dorme
Mais ou menos dois minutos
Pra nós é um tempo curto
Pra Uiara é um tempo enorme

O São Francisco é uma entidade. Um encantado do qual a gente não conhece nem o nome.

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