“Preciso desenhar?” de um Nobel para economistas e jornalistas

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Por Fernando Brito em Tijolaço – 

Poucas leituras sobre a situação da economia brasileira e sobre a crise mundial são tão claras e límpidas quanto a da entrevista – apesar do entrevistador “teimar” com o discurso “mercadista” – do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz ao Estadão. O Nassif a publica, e lá pode ser lida na íntegra.

stiglitz

O que diz ele, tentando resumir ainda mais o que está resumido e claro em suas declarações:

A crise brasileira é feita da derrubada vertiginosa do preço das commodities (minério de ferro e soja, especialmente) e do ambiente político criado pela Lava Jato.




Nossa inflação é de custos, não de demanda e, neste caso, juros altos não são solução, mas problema.

” Nesse caso, a forma pela qual a alta dos juros reduz a inflação é matando a economia. Se você conseguir desemprego o suficiente, os salários são deprimidos, e você segura a inflação. Mas isso é matar a economia.

A crise mundial, diz Stiglitz, tem quatro fundamentos:

1) a desigualdade, que restringe consumo, porque um pequeno grupo, por mais consumista que possa ser, não iguala em volume a massa de excluídos que não consomem ou cortam seu consumo;

2) As duas maiores economias do mundo, EUA e China, estão mudando de modelo. O primeiro, sai da indústria para os serviços; a segunda, da exportação para o mercado interno. Metamorfoses levam tempo e reduzem o metabolismo;

3) As políticas econômicas de austeridade fiscal levaram o terceiro bloco econômico, depois dos dois acima, a Zona do Euro, a uma situação de “bagunça” econômica, que deixou a Europa estagnada e lá, como nos EUA, os cortes orçamentários se refletiram na não-recuperação do emprego, especialmente do setor público;

4) A queda nos preços das commodities e de determinados produtos, como o aço, não extingue seus resultados entre vendedor e comprador. Reduz gastos, reduz ganhos mas isso também reduz a circulação da riqueza no comércio e, claro, a riqueza vai – cada vez mais – para o setor financeiro.

Leia o texto, é uma oportunidade espetacular de ver que economistas de verdade não são os que falam empolado, nem jornalistas que repetem as bobagens do mercado para que você não entenda o mundo.

PS. Antes que alguém diga, é obvio que Stiglitz faz uma redução didática do tema. É uma entrevista, e para um jornal de grande circulação, não um tratado ou uma tese acadêmica.

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