Por Rosa Freire D’Aguiar, jornalista
Eleições municipais na França, hoje (28/06). Resultado mais admirável: a imensa vitória dos ecologistas, em geral unidos com a esquerda, em grandes cidades da França. Derrubaram candidatos da direita e do centro em Lyon, Bordeaux, Strasburgo, Poitiers, Besançon, Annecy.
Em Paris, a atual prefeita, a socialista Anne Hidalgo, foi amplamente reeleita para mais seis anos. Super-Anne também fez aliança com os Verdes, o que era esperado, pois nestes seis anos de seu primeiro mandato ela aplicou uma política ambiental criativa e eficiente, e cada vez mais abrangente: montes de pistas para bicicletas, proibição de carros em artérias importantes, como a rue de Rivoli, que há quinze dias está entregue a bikes, trotinetes, skates, ou a deliciosos passeios a pé no meio da rua.
A cidade respira melhor.
Uma boa lição das eleições na França para políticos brasileiros, é a de que em eleição de dois turnos pode se ganhar por muito menos de 1 por cento, por 0,2 por cento, como hoje a socialista Martine Aubry, que foi reeleita por uns poucos votos, em Lille. Aubry ganhou por 227 votos!
Quando eu penso que a tucanada pediu a recontagem de votos em 2014, porque o candidato perdedor, Aecio Neves, duvidou do resultado do TSE… E a diferença entre Dilma (51,64%) e ele, Aécio (48, 36%), foi gigantesca para padrões europeus: 3,28%. Mesmo assim, o mineirinho duvidou, e o seu partido pagou o mico de pedir “auditoria” ao TSE, desconfiado da “lisura” do pleito — o que mal escondia a decepção da derrota.
Foi um pedido de recontagem tão sem pé nem cabeça que muitos veem ali, com razão, o pontapé inicial do que meses depois seria o pedido de impeachment da Dilma. E de toda a desgraceira desde então.